Embora o título possa parecer bastante apocalíptico, estudiosos da Universidade de Washington realmente creem que as mídias sociais possam ter impacto destrutivo na sociedade mundial. Segundo eles, a humanidade é capaz de sobreviver a guerras, doenças e pragas diversas, mas pode não estar pronta para enfrentar as ameaças provenientes das redes.
Um artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences traz mais detalhes. O material de dez páginas por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de biologia, psicologia, filosofia, ciências neurais, especialistas em mudanças climáticas e outros. Apesar de parecer uma previsão um tanto pessimista sobre o futuro da civilização, o artigo ajuda a compreender melhor como essas plataformas ajudam a espalhar a informações falsas. Para os pesquisadores, o poder das redes de impulsionar mentiras levaria o planeta à ruína, com uma falta de confiança generalizada e a incapacidade de discernir a verdade da mentira.
Parte disso seria culpa da robotização das redes sociais, guiada por algoritmos incapazes de diferenciar fato de fakes, e, assim, contribuindo para espalhar as inverdades. Os autores alertam que, se não forem compreendidas e contornadas todas essas questões, as consequências indesejadas das novas tecnologias vão contribuir para fenômenos como “adulteração eleitoral, doenças, extremismo, fome, racismo e guerra”.
Em entrevista concedida ao site Vox, o coautor e pesquisador Joseph Bak-Coleman fala sobre como a equipe responsável pelo estudo chegou a essa conclusão catastrófica. “A pergunta que estávamos tentando responder era: ‘O que podemos inferir sobre o curso da sociedade em escala, dado o que sabemos sobre sistemas complexos?’”, explicou. Segundo Bak-Coleman, a ideia é traçar um paralelo entre o uso de ratos e moscas para entender a neurociência. Essas pesquisas realizadas com esses grupos ajudam a entender o comportamento coletivo em geral, mas também adentram em sistemas complexos de forma mais ampla.
“Nosso objetivo é ter essa perspectiva e, em seguida, olhar para a sociedade humana da mesma forma. E uma das coisas sobre os sistemas complexos é que eles têm um limite finito de perturbação. Se você os perturba muito, eles mudam. E muitas vezes tendem a falhar catastroficamente, inesperadamente, sem aviso prévio”, explica o coautor do artigo.
Os estudiosos estabeleceram diversos elos entre pesquisas desenvolvidas nas suas áreas e o atual momento da humanidade. Segundo eles, as mídias sociais interromperam o fluxo de informações confiáveis sobre saúde, ciência, clima e política, assuntos cujos impactos são fundamentais em níveis de organização civilizatória. A grande culpada seria a internet, que funciona como uma faca de dois gumes: ajuda a aproximar pessoas e levar informações de qualidade ao mesmo tempo em que o seu uso negativo pode transformar sociedades em imensos conglomerados de massa impensante e manipulável.
“A democratização da informação teve efeitos profundos, especialmente para comunidades marginalizadas e sub-representadas”, disse Bak-Coleman. “Isso dá a eles a capacidade de ter uma plataforma e ter uma voz, e isso é fantástico. Ao mesmo tempo, temos coisas como genocídio de muçulmanos e uma insurreição no Capitólio acontecendo. Espero que seja uma afirmação falsa dizer que devemos ter essas dores para termos os benefícios.”
O fenômeno das redes sociais é algo muito novo e ainda sem respostas concretas de nenhuma área científica. Estudos como este, embora tenham um viés bastante pessimista, ajudam a alertar a sociedade para os efeitos das mídias sociais em larga escala.
Resta saber se os responsáveis pelo “Frankenstein” serão capazes de controlá-lo. O estudo mostra que ainda dá tempo de fazer algo, mas o caminho a ser seguido permanece uma incógnita para todos.
(Fonte Canaltech – Por Alveni Lisboa | Editado por Douglas Ciriaco| 29 de Junho de 2021 às 17h40)
“…A grande culpada seria a internet, que funciona como uma faca de dois gumes: ajuda a aproximar pessoas e levar informações de qualidade ao mesmo tempo em que o seu uso negativo pode transformar sociedades em imensos conglomerados de massa impensante e manipulável…”. O artigo acima dá impressão de não querer se aprofundar sobre a mentira, (chamada de “uso negativo”) na Internet, as famosas fake news. E generaliza ao culpar “a internet”. Mas o principal do que se lê nele é verdade: Ninguém ainda pode prever com alguma certeza quais efeitos as mídias sociais podem causar. E atenta para um terrível desafio: “Resta saber se os responsáveis pelo frankenstein serão capazes de controlá-lo”!
Achei interessante a previsão do artigo, ainda que catastrófica, sobre as redes sociais, porque acredito que elas são, a rigor, a grande, ou a maior das novidades geradas pela Internet. Além de virar de perna para o ar a comunicação como um todo, as redes acabaram, ou revolucionaram, o velho conceito de meio & mensagem. Os antes caros e quase inacessíveis meios de comunicação, agora são voz de todos! E mais que isso: Para cada um falar o que acha melhor, ou aquilo que achar certo e verdadeiro. Sem nenhuma preocupação com a verdade, o conhecimento universal e até a sempre respeitada (até agora) Ciência. Por conseguir se fazer ouvir, deduz-se que tudo o que se diz passa a ser a mais pura verdade! E é aí que mora o perigo! Por que de inocentes e incautos, ou ingênuos, a terra está lotada!E para eles acreditar em verdades ou mentiras, dá no mesmo!
A dedução “do resto” é visível: Se cada um virou, digamos, a própria Rede Globo “caseira”, passar a ter certeza de que se sabe tudo é só um passinho! E não adianta vir de diploma de mestre ou de doutor, nem de artigos científicos ou verdades incontestáveis e aceitas universalmente! Se o cara achar que Hitler era comunista e de esquerda, é assim que era Hitler. E não se fala mais nisso! E se o pastor mandar votar no A e não no B, se você quiser ficar rico e, de quebra, ainda ir para o céu, você não pode ficar dando bola para esses comunistas que andam por aí! A rede social empoderou aquele cidadão que, há séculos, nunca teve vez nem voz! E uma vez empoderado, esse cidadão, logicamente, descobriu que agora chegou a sua vez! Agora, ele sabe tudo! Cá entre nós, nessas horas fico mais feliz ainda, por ter quase 70 anos. O que vem aí, pela frente???