Eleição do presidente do país mais poderoso do mundo, é lógico, desperta atenção em todo o planeta e de grande parte dos brasileiros. Muitos perguntam qual dos candidatos “seria melhor” para o Brasil. Acredito que melhor, nenhum é: Os Norte Americanos adoram seu país e fazem guerra, matam, invadem e derrubam governos para não perder sua hegemonia, econômica, política e militar no planeta. Importam-se apenas com eles, com o seu país e os seus interesses. Quando Obama foi eleito, por ser negro muitos brasileiros chegaram a comemorar pois ele seria melhor para o Brasil e para o mundo. Não foi nem melhor, nem pior. Antes de ser negro, de origem humilde, Obama era do mesmo jeito que Trump e Biden são: Norte americanos, fiéis aos princípios que catapultaram seu país ao posto de mais poderoso, do mundo. Pelo menos até agora e, acredito, ainda por mais alguns “bons pares de anos”. Apesar, ou mesmo, com a China na disputa…
Nos anos da ditadura militar de 1964, o primeiro embaixador brasileiro em Washington, Juracy Magalhães, cunhou a frase, famosa: “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. O mundo dividia-se à época entre apoiadores de Washington e de Moscou, é bom lembrar disso. E os militares brasileiros, desde antes de 1964, já sonhavam em tornar o Brasil mais um estado atrelado à pátria do Tio Sam. Ou, no palavreado da ala esquerda do país, no “quintal dos norte-americanos”. Esse sonho de virar estado, ou quintal dos estados Unidos, está hoje mais vivo que nunca. Apesar de os defensores desta proposta jurarem amor à pátria brasileira e proclamarem o Brasil “acima de todos”…Faltou dizer “menos dos norte-americanos”! No atual cenário mundial, os Russos foram substituídos pelos Chineses, mas boa parte dos brasileiros segue fiel ao projeto de virarmos filial, ou o quintal dos Estados Unidos na América Latina…
Não estou aqui apenas criticando esse servilismo ao Tio Sam, nem defendendo servilismo à Rússia, ou à China. Nada disso. Estou, mais uma vez, de novo – e não vou mudar de opinião – defendendo a ideia de que qualquer país, não apenas o Brasil, deve ser independente, soberano, dirigido por governos escolhidos pelo seu próprio povo e de acordo com os interesses desse mesmo povo. Viver atrelado a outro país, a qualquer país, é renunciar a ideia de se construir um país soberano, digno, que procure dar ao seu povo as melhores condições de vida possíveis. Atrelar um país a qualquer outro país ou a qualquer potência mundial é renunciar à ideia de se construir e de se viver num país de verdade. Não numa colônia ou num quintal…. E aí sim, o Brasil poderia copiar os americanos: eles construíram, seu país. E com toda razão se orgulham muito dessa grande conquista! Atrelar o Brasil aos EUA significa assumir que viraríamos uma colônia, sem voz, nem vez, e totalmente submetida à máxima de que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”…
Note-se que não por estar na América Latina, ou porque brasileiros e militares brasileiros adoram os Estados Unidos, que essa proposta de atrelamento prospera. Ela segue forte e com muita gente trabalhando por ela porque o potencial econômico que o Brasil abriga em seu imenso território desperta a cobiça do mundo todo, principalmente os EUA. Seja no subsolo, na Amazônia, nas riquezas ambientais ou mesmo no decantado “Agro”, o Brasil reúne sim todas as condições de se consolidar como um país soberano, independente de grandes potencias, e de pleitear no futuro uma posição de liderança ou ao menos de grande projeção, no mundo inteiro. Parece que só falta o povo descobrir… Isso , obviamente, não agrada o Tio Sam, nem qualquer outro país que sonhe em exercer a hegemonia que hoje é dos Norte-Americanos.
Mas, porém, infelizmente, boa parte dos brasileiros prefere entregar tudo aos que já foram chamados por aqui de “nossos grandes irmãos do Norte”. Isso em mais uma das várias campanhas de puxa-saquismo explícito, que volta e meia prosperam na “grande imprensa brasileira”. É vergonhoso! “Irmãos” de norte-americanos é um título exclusivo de riquezas, qualquer riqueza. Eles são irmãos única e tão somente do dinheiro. O que sobrar, o “resto”, eles vendem… também para fazer dólares! Não por acaso a fama mundial do Tio Sam ainda lá na década de 1960, era a de que eles vendiam, “até a mãe. E entregavam”! Talvez muitos brasileiros invejem essa fama, hoje. O poder do dinheiro, de 1960 para cá aumentou vertiginosamente…
A diferença desta eleição nos EUA em relação a todas as demais, lá mesmo, é a posição de Trump, que já anunciou, primeiro, que não entregaria o cargo caso perdesse nas urnas. Depois, recuou um pouco e garantiu que se perdesse iria apelar à Suprema Corte do país – instância máxima do poder Judiciário do país. E já fez isso ontem (04/11), antes mesmo de acabar a contagem de votos. Nunca aconteceram tais ameaças em eleições do país, que tem como um dos seus maiores troféus a consolidação da Democracia representativa, através do voto facultativo dos seus habitantes. O modelo serviu e serve para países do mundo inteiro, e é foi considerado, até agora, como uma das mais, senão a mais justa e representativa forma de governo. As ameaças de Trump também sinalizam que ele teme, ou sabe, que suas chances de vitória nas urnas são menores que as de Biden.
No Brasil, a torcida para Trump ganhou apoios devido a uma certa “fantasia nacional”, devido ao explícito atrelamento do atual governo brasileiro aos Estados Unidos. Sem que essa submissão represente, até agora e na prática, vantagens para o Brasil. Algumas atitudes do governo brasileiro até agora não deixam dúvidas: Uma vitória de Trump vai atrelar ainda mais o Brasil, pelo menos durante os próximos dois anos, à máxima de que o que for bom para os Estados Unidos será bom para o Brasil. E há, também uma falsa impressão, entre adversários do atual governo brasileiro, que uma vitória de Biden possa apressar o andamento, ou iniciar o andamento de diversos pedidos de impeachment engavetados no Congresso. Não acredito nisso. Uma vitória de Biden pode causar, no máximo, um grande esmorecimento da parcela da população brasileira ainda apoiadora do atual governo. E talvez, um novo posicionamento, menos favorável, da grande imprensa à política externa praticada atualmente pelo Brasil.
Ganhe Biden ou Trump, o que é bom, ou seria muito bom para o Brasil é boa parte da população deixar de ser adoradora de salvadores da pátria e parar de defender o colonialismo norte-americano, já varrido de muitos países, no mundo todo. Não estou, repito, defendendo atrelar o Brasil à China, nem a qualquer outro país. Defendo atrelar o país – e conscientizar o povo sobre isso – ao Brasil! É preciso defender, fortalecer e torcer que o melhor aconteça para o Brasil e para os brasileiros. Os norte-americanos? Vamos fazer igual eles fazem com o resto do mundo: Eles que se virem! Já temos por aqui problemas de sobra com o atual primeiro mandatário do país. Ou, em outras palavras: Temos (muito) mais o que fazer!