O passar do tempo não incorporou a Pandemia e não colabora no desejo coletivo de ver estes dias de terror, ansiedade e medo irem embora rápido, o quanto antes. O passar do tempo deveria acelerar o relógio, como se baixasse por aqui um vento forte para dar velocidade às horas, e levar o Coronavirus embora. A mesma Ciência que produz vacinas deveria estudar esse passar do tempo, ver se não é possível dar mais velocidade ao planeta Terra. Para mandar ao espaço sideral, junto com o vírus, essa teimosia que nega, aglomera e traz mais desespero.
É muito provável a estas alturas que até Ele, o Senhor das Esferas, esteja com seu aplicativo de proteção universal batendo panela, avisando que vai colapsar todo o sistema, de tanta gente a rezar e implorar melhoras. Aos poucos vamos nos dando conta de que nosso tempo pode estar chegando ao fim, aqui na Terra. E muitos de nós não temos para onde ir. Outros tantos provavelmente nem seriam aceitos em outros lugares, de tantas maldades, ódio e desumanidades cometidas por aqui, impunemente e na cara dura.
Mas desde que nascemos fomos avisados que um dia o fim viria, para cada um e para todos, sem dó nem piedade. Viemos do pó e ao pó voltaremos, mesmo que façamos de conta ter esquecido o que tem logo ali, depois da última curva. Ninguém fica para semente. E não era verdadeira a sentença de que não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. Há males que vieram e ficaram para sempre, e em nome da superioridade de alguns, milhares morreram de fome e de miséria, sem ninguém se importar.
E o bem que nunca iria se acabar pode ter se cansado da nossa desumanidade e da nossa orgulhosa e prepotente superioridade. Éramos para ser todos iguais e moldados à semelhança do nosso Criador, com humildade, fraternidade e solidariedade, amplas e irrestritas. Mas esse capítulo foi deletado das novas leis da vida – criadas por nós e pelo nosso desejo de sermos superiores e melhores que os outros. Nosso complexo de superioridade e de onipotência saturou a paciência da mãe natureza. E ela queixou-se ao Criador…
Pode ser, tomara, que ainda nos reste uma última chance, e que pela milionésima vez… Deus nos perdoe! E adie, de novo, o nosso triste fim. Mas fala sério: Se a paciência do Criador com nós mesmos – as suas criaturas – chegou ao fim, não deveríamos sequer ter a coragem de implorar mais uma prorrogação. Não faltaram avisos, nem sinais, nem mensagens bem claras e perfeitamente decifradas. Mas ninguém deu bola. Nossa soberba de animais superiores a tudo e a todos falou mais alto.
Matamos uns aos outros, em guerras ou de fome, miséria, ódio e até por ignorância, embora nos julguemos geniais, capazes até mesmo de copiar a vida, de gerar seres humanos iguais a nós mesmos. Mas não seres superiores, como nós mesmos deveríamos ser… Somos uns boçais! E a maioria de nós nunca se importou com ajudar ou compreender e perdoar – conforme nos foi dito e redito, muitas vezes. Chegamos a cunhar palavras de ordens vergonhosas, tipo o “cada um por si e Deus por todos”, como Deus fosse nosso escravo…
Também não tenho certeza se ainda há tempo para arrependimentos. O mais provável é que ninguém, ou pouquíssimos, quase ninguém, acredite que a culpa é nossa e que estamos entrando na reta final. Mas não devemos nos enganar: Não é o famoso e temido fim do mundo, pregado e apregoado em vão, pois ninguém mais acredita em nada. O fim que pode estar se aproximando é “apenas” o da raça humana aqui na terra! O mundo vai seguir seu rumo, sem essa autointitulada (falsamente) “raça de seres superiores”, que mata, destrói e se acha a tal!
Pode ser, também, que uma nova civilização brote aqui na Terra, após a aniquilação do modelito atual de “Seres Humanos”, ou da maioria deles. Pode, talvez, que lá o Senhor das Esferas resolva dar uma última chance, mas não para todos, e que acabe por selecionar seus, novamente “escolhidos”…Quem sabe Ele não tenha feito, até agora, com todos nós, apenas um ensaio, um teste, para ver se daria certo. E se conseguiríamos ter com ele alguma semelhança, ou seguido seus ensinamentos. Pode ser! Quem sabe?
E seguindo a lógica que estamos acostumados a aceitar e defender, resta lembrar que tudo começou com uma suposta “gripezinha”, coisa pouca! Uma insignificância, diante de toda a grandiosidade da imbatível civilização humana na Terra. Civilização que, com menos da metade da riqueza acumulada apenas por alguns (só por alguns) poderia, com sobras, acabar com toda a fome do mundo, eliminar todas as guerras… E dar a todos uma vida digna, sem preconceitos, discriminações, massacres, assassinatos, crimes hediondos e perseguições de toda espécie.
Mas tal “milagre” não aconteceria nunca! Não neste mundo construído pela civilização superior, inteligente, racional e infinitamente poderosa do bicho Homem. Se tivermos mais uma chance concedida gratuitamente pelo Criador, é possível que todas as aflições, tristezas, medos e inseguranças que sentimos agora acabem sendo abolidas, riscadas da memória, menosprezadas, em poucos anos. E é bem provável que nosso velho planeta retome sua rotina de desumanidades, ódios e de atrocidades cometidas no entorno do novo e atual bezerro de Ouro: O Deus – Dinheiro! Que tudo pode, tudo compra e tudo manda!!
“…Enquanto os homens exercem seus podres poderes/Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos/
E perdem os verdes/ Somos uns boçais!
… Enquanto os homens exercem seus podres poderes/Morrer e matar de fome, de raiva e de sede/São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo/Daqueles que velam pela alegria do mundo/Indo mais fundo/Tins e bens e tais
Será que nunca faremos senão confirmar/Na incompetência da América católica/Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será/Que será, que será/ Será que essa minha estúpida retórica/Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos…”
(Podres Poderes” – Caetano Veloso)
Um Bom e saudável fim de semana a todos (as)!