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04/09/2020 às 07:06
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Quirera Gourmet – 04/09/2020

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

Nota de Esclarecimento…

Já critiquei discurso de autoridade em palanque de sete de setembro por descer o cacete no governo, quando deveria falar da Pátria. Porque Pátria não é o governo e o governo não é a Pátria. São duas entidades distintas, mas facilmente confundíveis, ou misturadas. Governo é algo que o povo elegeu para administrar o país, numa democracia. Pátria (do latim “patriota”, terra paterna) indica a terra natal ou adotiva de um ser humano, que se sente ligado por vínculos afetivos, culturais, valores e história. No Brasil de agora e de sempre, porém, muitos cidadãos não sabem o que é uma coisa, nem a outra. Esse país, também vale lembrar, desde seu primeiro presidente – o MARECHAL Deodoro – quase sempre foi tutelado por militares. E essa simples lembrança pode explicar muitas coisas desse país…A começar por confundir homenagens à Pátria com patriotadas. Estas, muito na moda nos dias atuais, quando se confunde, propositalmente, críticas ao Governo do Brasil com críticas à sempre manipulada Pátria Brasileira!

 Governo Não é a Pátria!

No momento em que um governo adota símbolos da Pátria ou do país como, por exemplo, a bandeira, ele, governo, está se apropriando, ou tomando emprestado, algo que não lhe pertence. A palavra patriotismo significa o amor e respeito que se tem pela terra natal. Este patriotismo pode ser manifestado pela valorização da cultura do país, suas belezas e riquezas naturais e seus símbolos nacionais (bandeiras, brasões, hinos, etc). Note-se, portanto, que “governo” não aparece nessa foto. Governo e Pátria são conceitos totalmente distintos. O governo é a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação. Não da Pátria! Confundir Pátria com governo serve, principalmente para esconder, evitar, varrer para baixo do tapete, as críticas (legítimas em regimes democráticos) ao governo, não à Pátria!

“Brasil, Ame-o ou Deixe-o! ”

Nos tempos da ditadura um dos slogans mais famosos dos generais-presidentes foi o “Brasil, ame-o ou deixe-o”! Ou seja, se você não amasse seu país, deveria “cair fora”, se mandar para Cuba, ou, à época, para a União Soviética, comunista. Porém o “Brasil” citado no slogan era na verdade o governo da ditadura brasileira. Ou seja, se você não amasse o GOVERNO da ditadura militar, você não amava sua Pátria, nem o Brasil… Outra flagrante apropriação indébita dos conceitos de país e de Pátria, feita pelo governo ditatorial que chefiava a nação (eleito pelos militares, não pelo povo, aliás). Ditadura que o (des) governo atual tenta negar, dizer que não existiu e, ao mesmo tempo, tenta ressuscitar! E usa os mesmos métodos da mesma ditadura, como a censura à imprensa! Nas ditaduras falar verdades e fazer qualquer crítica é proibido, pode-se apenas elogiar o governo, como se tudo estivesse rigorosamente certo, sempre!

A Censura Já Voltou…

A censura à imprensa já foi escancarada na semana que passou com a ordem imposta ao Jornalista Luis Nassif, que foi PROIBIDO de noticiar vergonhosa negociata entre o Banco do Brasil e o Banco BTG Pactual, fundado pelo atual Ministro da Economia, o “Posto Ipiranga” Paulo Guedes. Conforme noticiou o Jornalista Marcelo Auler em seu blog: “Luís Nassif, jornalista com mais de 40 anos de atuação, ora se encontra amordaçado, e o referido agente econômico (BTG-Pactual), em suas relações com o poder público, imune à fiscalização que deve advir da esfera pública atenta e crítica.”. A censura foi imposta, na sexta-feira (28/08), pelo juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves, da 32º Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, ao Blog GGN O Jornal de Todos os Brasis, editado por Nassif. Ao atender ao pedido do banco BTG-Pactual, o juízo determinou a retirada de 11 reportagens, sobre a negociata, do site.

Lesa-Pátria!

Ao ver muitos brasileiros hasteando a bandeira do Brasil como homenagem à pátria, neste setembro do inacreditável ano de 2020, o único sentimento que me ocorre é a tristeza e a decepção. Não vou criticar aqui o governo, porque quero falar da Pátria, não do governo. Pátria que está vendo uma de suas maiores riquezas, senão a maior de todas, a Amazônia, ser dilapidada, invadida, vendida, destruída e poluída por mineradores, desmatadores e invasores de terras indígenas – estes, por legítimo e intransferível direito, os primeiros habitantes e os verdadeiros donos destas terras! A Amazônia – se fosse mantida intacta e com suas imensas riquezas intocadas, preservadas – certamente daqui há algumas poucas décadas seria o maior tesouro do povo brasileiro, de valor inestimável, capaz de garantir o futuro e assegurar a soberania da Pátria Brasileira. Mas o que estamos assistindo, senhores e senhoras patriotas brasileiros, é o puro e simples entreguismo da maior riqueza deste país e de seu povo. E isso em bom português, e diante das leia vigentes, chama-se “crime de lesa-Pátria!

Trágica Semana

Ainda tenho muito respeito e admiração pela Pátria Brasileira. Principalmente porque nossa História guarda muito exemplos de brasileiros heroicos, patriotas de verdade, que infelizmente muitas vezes nem foram reconhecidos, e muito menos são homenageados. É lógico que não estou falando, por exemplo de um Duque de Caxias – um dos mais citados quando se fala em Pátria Brasileira. Caxias na minha opinião tem, talvez como seu maior mérito, o fato de ter aberto mão do comando das tropas brasileiras, na Guerra do Paraguai, ao notar que dali para a frente a Guerra seria apenas um massacre de mulheres e crianças. A própria Guerra do Paraguai, aliás, é uma história que gerações futuras de brasileiros irão reescrever, contando muitas verdades que ditaduras e militares sempre varreram para debaixo do tapete. É trágica, para mim, esta semana da Pátria de 2020. Nos 66 anos de vida não lembro de um ano em que a Amazônia estivesse sob tão vergonhoso e violento ataque, devastador e covarde mesmo.

“Ouviram do Ipiranga às margens…

Note-se que esse assalto à Amazônia – tudo devidamente divulgado e assistido – acontece sem protestos de brasileiros, e pouquíssima indignação. Enquanto isso, muitos que se julgam patriotas – e têm direito a essa designação, pois são brasileiros – hasteiam a bandeira do Brasil, estufam o peito e cantam o Hino Nacional! Os senhores e senhoras patriotas que me desculpem, mas nesta semana da Pátria ando totalmente sem vontade de entoar esse belíssimo Hino. Mas cantem vocês, a Pátria Brasileira, eu vou rezar por isso, pode ser que finalmente acorde e saia, definitivamente de seu berço esplêndido. E comece a enxergar a apavorante realidade, que desfila impunemente diante de nossas caras… Caras não de patriotas. Caras de outra palavra, humilhante, vergonhosa até, mas muito verdadeira, que até rima com Patriota!

E viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!

 

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