Li essa frase pela primeira vez num cartaz pendurado na Faculdade de Comunicação – Jornalismo, da UFSC. E sempre a considerei um estímulo à leitura e ao conhecimento, além de ser um desafio. Hoje mais uma vez segui a dica e fui me informar. Descobri que ela é atribuída a….Adolph Hitler! Fiquei frustrado, mas é bom lembrar que até genocidas, facínoras, ditadores, racistas, fascistas e os piores criminosos podem ser (e geralmente são) inteligentes. Podem até ser a ralé da humanidade, mas não são burros… A frase é um alerta contra o obscurantismo (ignorância, desinformação, desconhecimento, incultura, castidade…) – uma arma usada por sábios bandidos para manter milhares na escuridão, cegos, sem entender nem compreender o mundo, a realidade. Ignorantes. Manter e se esforçar para manter pessoas na ignorância, cegos, sem saber nada, ou com o mínimo possível de informação é um artifício manejado, com maestria, por ditadores populistas, de esquerda e de direita, para conquistar e conduzir as massas, ou o gado, “a boiada”, como se diz agora.
O que mais me chama a atenção na frase, porém, é a parte que diz “é um homem perigoso”! Perigoso porque esse homem bem informado não é fácil de ser enganado, iludido, engambelado, tapeado e usado como massa de manobra de outros, mesmo sendo estes ainda mais bem informados: Os muito ricos e poderosos. Os que mandam no mundo – pessoas ou grupos que têm dinheiro para comprar literalmente o que quiserem. O dinheiro, vale lembrar também, hoje manda nos governos, nas leis e em muitas religiões e igrejas. Uma pessoa bem informada não é fácil de ser “levada na conversa” fácil e agradável, simpática e otimista de muitos políticos, mas não apenas deles. Um homem bem informado sabe perguntar, sabe ouvir e sabe analisar o que ouve. Não acredita em tudo que lhe falam, nem em tudo o que lê ou assiste. Vivente bem informado sabe analisar os fatos e, mais que isso, sabe formar sua própria opinião e defendê-la com a tranquilidade de quem SABE o que está falando!
Nas postagens de redes sociais é fácil perceber, hoje, que são poucas as pessoas “perigosas”. Não estou me referindo às famigeradas mentiras, Fake News. Falam sem o mínimo conhecimento de causa, sem informação sobre o assunto discutido. Dar palpite em tudo, sem saber nem 10% do que aconteceu nesse “tudo” é o que costumo chamar de ignorância. E os ignorantes são nem um pouco perigosos, são altamente manipuláveis, fáceis de levar na conversa, ingênuos, castos, alienados, ou os que “vivem no mundo da lua”. Eles resultam, principalmente, da falta de leitura. Não é falta de estudos, nem de “fazer faculdade” é desconhecimento, ignorância mesmo, no sentido original da palavra, sem intenção de ofender nem de rotular, mas de constatar que a pessoa literalmente sabe nada. Ou muito pouco! Pior ainda: Geralmente são as que mais teimam em tentar impor a sua “sabedoria” a outras pessoas. Também costumam pecar pela lamentável falta de humildade! A arrogância, para mim, sempre é sinal de ignorância. Mesmo os perigosos, os bem informados, se caírem na arapuca da arrogância põe tudo a perder. Ostentar não é preciso.
Nesse contexto, penso que homens (e mulheres) perigosos (as) aprendem primeiro a ouvir, muito, antes de xingar e condenar o que quer ou quem quer que seja. Se surgir alguma dúvida sobre aquilo que escutam, vão aos livros! Desde os populares “amansa-burros” até publicações especializadas que tratem do assunto. E adquirir conhecimento não os torna “melhores que os outros”. Os torna mais perigosos, deixam de ser inocentes úteis, maria-vai-com- as-outras, ingênuos ou mentecaptos! O “Homem Perigoso” inspira cuidados e temores, “não é de matar com a unha”, nem levado no mole, na conversa. Mas vamos adiante: No desestimular a leitura, o conhecimento, está o segredo de ditadores e manipuladores da opinião pública. Em nosso país chamar alguém de ignorante não deveria ser visto como xingamento, ofensa, preconceito, ou colocar rótulos. É uma realidade, uma constatação. As pessoas ignoram a verdade, os fatos como realmente são e acontecem. Preferem acreditar na sua própria versão dos fatos. E não estão dispostas a debater sobre isso! É como se a História tivesse acabado. Ou como acreditar que o que se sabe já basta, que já não é mais preciso ler e aprender. No desestimular o conhecimento a ignorância vem junto, no pacote! Penso que esse é o principal motivo para se dar no Brasil tão pouco valor à educação e aos professores. Lamentavelmente! E disso resulta elegermos políticos e governantes que só nos decepcionam. Se votamos mal, será possível eleger bons políticos?
É comum encontrar hoje em qualquer lugar pessoas que acreditam em versões manipuladas, que não adquiriram capacidade de análise, não conseguem contrapor uma ideia com argumentos ou elaborar um raciocínio que deixe de lado a paixão e a religião, que fale com a razão, com embasamento, não com as paixões, com o …coração!! Este, como bem disseram os poetas, “tem, razões que a própria razão desconhece”. E elas são belas e muitas, as razões do coração. Mas infelizmente caíram em desuso, estão com validade vencida. Colaborar para manter o mundo assim mesmo, ou tentar fazer alguma coisa para acordar, despertar, iluminar e dar asas aos humanos bípedes e ”desasados” é uma das muitas opções que temos, inclusive na quarentena. Resolvi escrevinhar essa cantilena depois de enxergar no final de semana que bolsonaristas agora consideram e xingam o ex-juiz Sérgio Moro de “cumunista, petista infiltrado e traidor”, entre outros elogios. E é melhor não tentar convencê-los do absurdo disso…Eles amam o atual despresidente, amam de todo o coração. E isso lhes basta! Aí também é um caso de se dizer que “a própria razão reconhece”!