Quando voltei a Xanxerê em 1988 era (ainda) tabu, praticamente proibido, fazer críticas a prefeito, vereadores e políticos. Era, ainda, resquício da Ditadura. Essa prática acabou com a chegada do Jornal de Xanxerê, o Jotaxis. Agora, 32 anos depois a sensação inicial que tive ao voltar para Xanxerê é a oposta: É proibido falar bem de políticos. Tudo bem que a classe política brasileira, em sua maioria está abaixo da crítica, no vermelho. Porém mesmo assim – e como sempre, não dá para generalizar. É bem visível nas mídias sociais do Brasil todo tentativas de desacreditar totalmente a classe política e pregar a volta dos militares, da ditadura. Hipótese inaceitável e potencialmente explosiva: A sociedade brasileira de hoje, em sua maioria, não iria gostar nadinha. Quem viveu as décadas de 1960, 70 e 80 sabe muito bem disso.
Esse começo de século 21 está carrancudo, azedo. O hábito de contar piadas, que já foi uma marca do bom humor brasileiro foi substituído pela prática de contar vantagens, a cultura da ostentação. E o telefone celular sem dúvidas é o novo melhor amigo da maioria. Bater papo descontraído, jogar conversa fora definitivamente está em baixa: Não rende nem grana, nem publicidade, ou visibilidade. Sempre procuro observar a famosa marcha da humanidade. E na minha avaliação neste momento a marcha é a ré. Estamos regredindo, andando para trás. Alguns conceitos e valores deixaram de ser unanimes e se contesta até o que o mundo da ciência e das artes consideram incontestável, muitas vezes com argumentos fajutos, pífios, sem qualquer fundamento. Dos males o menor: Amigo meu, profundo conhecedor da história da humanidade, leitor voraz, me garantiu que se analisarmos a história humana veremos claramente vários períodos de retrocesso. Maus tempos, com duração indefinida e que depois cessam e são seguidos de novos anos de evolução. Tomara!