A adaptação e a superação dos brasileiros às restrições da Pandemia foram eficientes no início, com exceção às resistências previsíveis em qualquer mudança no cotidiano. Nenhuma surpresa, considerando também o susto e a insegurança diante do crescente número de mortes em países europeus. Inicialmente houve pouquíssimas resistências. Mas logo surgiram contestações, estimuladas por dois argumentos: A possibilidade de cura, sempre contestada, pelo uso da Cloroquina; E pelo ceticismo e negação da Pandemia, dois argumentos repetitivamente usados pelo despresidente deste país. O líder de muitos brasileiros e da maioria dos eleitores que votaram já vinha, antes da Pandemia, provocando o crescimento da oposição ao seu governo: Ele jamais buscou o diálogo e nem sequer propôs à oposição uma trégua nos embates da política. Ao contrário, buscou sempre o confronto com a oposição e colocou a ideologia política acima do que deveriam ser os interesses maiores do seu governo, como a geração de empregos, a saúde, a educação e a segurança. Tripudiou e provocou a oposição, que respondeu. E isso politizou a Pandemia, um agravante que só atrapalha e dificulta, em muito, o seu combate.
Com mais de cem dias de efetivo combate à Pandemia, e de mais de um ano e meio de governo que se auto intitulou a “nova política”, o cenário mostra uma situação muito confusa: O Brasil virou epicentro da Pandemia, juntamente com os Estados Unidos – com a desvantagem de que não somos a maior potência do mundo…E o desgoverno, que já vinha com dificuldades, entrou em parafuso. O único ministro que conseguiu alguma credibilidade e apoio popular – um médico e da área da saúde – foi demitido, por não concordar com as práticas epidemiológicas do despresidente. Este, um leigo com nenhum trânsito entre os meandros da ciência, da saúde pública e com noção zero do que seja uma Pandemia. Pior que isso: Assessorado hoje em dia no Ministério da Saúde por um batalhão de generais cuja única qualidade foi serem sinceros: Declararam conhecer nada de saúde, de ministério, nem de Pandemias. Para dar sequência à sua caminhada ladeira abaixo, o desgoverno começou a perder aliados políticos importantes, alguns bem íntimos do despresidente. Seus três filhos revelaram-se ótimos apenas em uma atividade: Arrumar mais problemas. E o pai só passa a mão em suas cabeças, jamais os desautorizou e nem ao menos pediu que “baixassem a bola”. Note-se que na conservadora sociedade brasileira isso “Não pega bem”. E a popularidade presidencial não para de cair…
Quase ao mesmo tempo em que a Pandemia atropelava o desgoverno, na área política as coisas também pioraram: Acossado e perdendo o sono por conta de riscos de impeachment, o despresidente rasgou talvez seu mais valioso discurso de campanha: Aderiu desavergonhadamente ao toma-lá-dá-cá – prática que troca cargos políticos por apoios de deputados e senadores – com o velho conhecido e manjado Centrão, a banda mais podre da velha política. E o vergonhoso acordo recebeu muitos metros de passadas de pano. mais léguas de olhares de paisagem pela grande imprensa brasileira… Com ela o despresidente também vive trocando socos e pontapés quase reais, não admite críticas. E rega com generosas verbas públicas o SBT, a Band e a Record, enquanto corta publicidade na Globo de quem, é óbvio, leva chumbo grosso. Qualquer publicitário, até do Afeganistão, sabe que na Globo, sem dar dinheiro não se consegue nadica de nada. Mas de uma coisa o despresidente não pode se queixar: A velha política acolheu, conforme adiantou o Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, o acordo com o Centrão. Ele e outros “Manda-Chuvas” da direita brasileira resolveram intervir, antes que o despresidente incendiasse, de vez, o país: Declararam, como beneplácito da Globo, que é preciso aturar Bolsonaro! E que apeá-lo seria pior. Note-se que essas mesmas “iluminadas cabeças pensantes” garantiram que era só tirar a Dilma que o Brasil melhorava, que todos iriam, de novo, à Disney, etc….
Enquanto boa parte da esquerda brasileira ainda sonha com impeachment, aplaude críticas água-com-açúcar, no tipo “me engana que eu gosto” feitas pela Rede Globo ao desgoverno, e ainda acredita em abobrinhas como as denúncias de Queiróz, na “rachadinha”, ou nas investigações sobre “Fake News”, o desgoverno segue desgovernado e desgovernando: Indicado por militares de pijama, novamente, o novo ministro da educação pediu demissão menos de uma semana após ter sido nomeado, por ter mentido no currículo. Mas o episódio em si também ajudou: Durante uma semana a imprensa e a nação desviaram sua atenção e esqueceram outras situações que pioram, diariamente, e ninguém vê saída. A mais visível é a Pandemia que se expande cada vez mais, mas poucos se importam com isso. Países do mundo inteiro começam a, digamos, “olhar atravessado” para o Brasil e para os brasileiros diante das atitudes do despresidente em relação ao novo Coronavírus. Até o seu maior aliado, Donald Trump, já lhe dirigiu críticas diretas e explícitas quanto ao modus operandi de conduzir o combate à Pandemia. Mas isso, para o sabe-tudo despresidente deste país, quer dizer nada. Ele se importa mesmo é quando alguém ameaça cortar as salientes asas de seus queridos filhos. Para o “resto” ele pergunta: E daí???
Sobre a duração da Pandemia, em que diversas previsões e projeções já fizeram água, a melhor expectativa é torcer para que aconteça por aqui o que já aconteceu em vários países: A partir da estabilização e queda no número diário de novos casos possamos começar a sentir que “o pior já passou”. Mas, não querendo ser pessimista, essa possibilidade parece remota. Estamos vendo os números crescerem e, ao mesmo tempo, nossos governantes e empresários em geral querendo “voltar ao normal” assim mesmo. E nem com outros países e cidades registrando, com reaberturas, uma segunda onda de casos novos a ideia de reabrir tudo, por aqui, tem diminuído. Assim, o mais provável tem duas hipóteses: Os casos vão continuar a crescer – até que o aumento de mortes acenda uma luz vermelha. E aí sim as coisas ficarão ruins, obrigando a um novo fechamento geral. Ou, por algum motivo desconhecido hoje, população e governantes resolvam, de repente, adotar um “modo de guerra” para combater radicalmente a Pandemia, restringindo todas as atividades não essenciais até que os casos novos sinalizem estar em queda vertiginosa. Já no panorama político e social do país, não acredito nem que esse desgoverno “crie vergonha” e passe a efetivamente governar, ao invés de fabricar e disseminar novos problemas e de espalhar ódio; e muito menos que as “nossas excelências” do Poder Judiciário, ou do Poder Legislativo apeiem esse despresidente do Poder Executivo. Razões e motivos para isso, existem, de sobra. Mas como profetizou FHC – porta-voz das elites retrógradas desse triste país – tirar ele agora seria pior…Então, vamos ter que aturar!
Mesmo assim, um bom fim de semana a todos (as)!