Com os atuais números e a gravidade da Pandemia é previsível os nervos estarem a flor da pele, e fica mais fácil a irritação invadir a praia de bem e de maus humorados, com o mesmo azedume. Prefiro imaginar que estejamos sendo submetidos a um grande teste mundial, para ver até onde conseguimos manter a serenidade, a razão e a esperança, ainda que distante, do fim da Pandemia. Há cerca de um ano convivemos, na marra, com esse indesejável novo habitante do planeta. Mas nunca igual a hoje ele nos pareceu tão próximo, tão ameaçador e tão presente. Então, muita calma nessa hora. Raiva e nervosismo são péssimos conselheiros, sempre!
Há quem critique por se falar quase somente no Coronavírus e suas vítimas, todos os dias, na imprensa, nas redes sociais e nas conversas entre amigos, num claro sinal de que nossa paciência está na reserva. E isso justo agora quando nos exigem ainda mais cuidados, num momento em que parece estarmos nos aproximando do local e da hora da batalha decisiva contra a Pandemia. Mas manter a calma é tão importante quanto manter os cuidados e os protocolos exaustivamente apregoados, não há outra saída. A vacina, por enquanto, é uma senhora inacessível à maioria.
O tiroteio para atingir o, ou os culpados, segue aumentando junto com os números de casos novos. E igual aos restritos e pouco eficientes tratamentos válidos, tem se mostrado, apenas, um fator a mais para agravar o cenário da guerra. Saber que o mundo inteiro luta a mesma batalha já não faz muita diferença, e o foco de tudo está no entorno do lugar onde vivemos, e nos familiares e amigos que nos cercam. Como sempre acontece nestas horas, muitos se voltam às orações e aos pedidos de proteção a Deus, seja lá qual for a sua divindade, a sua religião e a sua fé, ou o seu pensamento positivo.
Aqui no meu quadrado procuro mentalizar, sem pânico, as várias opções possíveis, começando por lembrar, com alguma tristeza, que todos temos a nossa hora de encerrar nossa passagem por esta vida… Mas, caso consigamos seguir nossa caminhada por aqui mesmo, eu particularmente sinto a necessidade de agradecer, primeiro, a todos os profissionais de saúde e aos cientistas e especialistas que, mais que a maioria de nós, tem se empenhado dia e noite em busca de uma solução, para todos. E acredito que esse exército anônimo, sem armas mortíferas, e expondo suas próprias vidas é formado por heróis! E oxalá um dia eles sejam reconhecidos! E vamos combinar, estar na pele deles, numa hora dessas…não é para os fracos!
Sempre cultivei o hábito de me colocar “no pelo” de pessoas que estão se sacrificando e se arriscando para cuidar da saúde de pessoas em geral, a maioria desconhecidos. E não raramente ingratos e mal-educados, grosseiros e sem nenhuma empatia para se colocar no lugar de quem está na linha de frente. Vi a prefeitura de Xanxerê convocar médicos e fisioterapeutas para ajudar, diante da escassez de profissionais aptos ao trabalho, e tentei me ver no lugar deles. Além do alto risco de exposição à doença, os profissionais ainda precisam se desdobrar, pois seus pacientes particulares também não podem – e não vão ser – negligenciados. E a Associação Catarinense de Medicina (ACM), também já reclamou da medida. Alega que muitos médicos não têm conhecimentos específicos sobre Pandemias e sobre o Coronavírus.
O curioso e desalentador sentimento que podemos notar é que a maioria ainda está procurando apontar erros, falhas, faltas e desacertos – e eles sempre existem. Mas poucos sabem ou querem saber quantos sacrifícios e acertos, e quantos desafios estes mesmos profissionais encaram e vencem, a cada minuto. Poucos, raríssimos são os que agradecem e reconhecem o enorme esforço. Apontar erros é bem mais fácil e todos são “craques” nisso…Muitos também sempre foram ferozes críticos do Sistema Único de Saúde, o SUS, que tem muitos defeitos. Mas quase ninguém hoje reconhece a tragédia, muito maior que seria, sem ele.
Não estou aqui dizendo que as críticas e os defeitos devam ser proibidos, ou ignorados. Mas ao lado delas seria saudável e construtivo se falar das vitórias e dos passos à frente dados, todos os dias. Mas a natureza de muitos, hoje, tornou-se tão fria e desumana que há multidões para tecer críticas, mas poucos para ajudar e, ao menos, compreender as dificuldades de quem está na linha de combate. E prestar ao menos solidariedade a eles. Muitos inclusive já pereceram, ajudando a salvar pessoas desconhecidas, de todas as classes, ideologias e religiões. Tomara que entre as novidades positivas que a Pandemia haverá de nos proporcionar esteja a maior “humanização dos humanos”.
E também não consigo deixar de criticar um despresidente (e seu desgoverno) que segue negando a imprescindível ajuda que é o uso de máscaras. Sua teimosia e negativismo – que influencia e “faz a cabeça” de muitos dos seus (ainda) admiradores – é algo que foge até do vocabulário e das palavras que consigam expressar, definir, tamanha irresponsabilidade. Não por acaso muita gente anda falando e ameaçando responsabilizar judicialmente o despresidente e seu ministro da saúde. Atitude perfeitamente viável e justificada diante de suas palavras e atitudes, totalmente inaceitáveis, absurdas e criminosas – na medida em que incentivam fazer o que é errado, o que prejudica muita gente!
Além de criticar a incompetência dos governos estaduais e do governo federal em combater com maior eficiência a Pandemia, resta ainda observar que o atual despresidente não demonstra ser muito inteligente, sem falar na área da (in) competência: Para alguém que já está em campanha para a reeleição, se ele estivesse agindo como se espera que um presidente de verdade aja, ou seja, dando bom exemplo, provavelmente – e com muita facilidade – seu ibope estaria nas nuvens. Por mais esdrúxulo que possa parecer, passei a acreditar que Bolsonaro se acha uma espécie de gênio, acima do bem e do mal. E com muitas toneladas mais sábio que a Ciência. Para desespero nosso! Não sabe nada e teima em ignorar quem sabe.
O que se vê, nas poucas pesquisas de opinião sobre a aceitação e seu governo é sua aceitação desabando, caindo pelas tabelas. Mas, “cabeça dura”, ele segue, mesmo assim, fazendo tudo errado. E na semana que passou resolveu investir contra o uso de máscaras. Espera-se que nesta semana ele não resolva contraindicar (e condenar) as vacinas. Mas tudo é possível! É impressionante, também, a teimosia de alguns (cada vez em menor número) em seguir distribuindo Fake News nas redes sociais, para defender esse (des) governo federal. Não acredito que isso seja ignorância. É pura soberba. E teimosia em não reconhecer o erro de ter votado em alguém tão incapaz. E irresponsável!
Uma das falsas notícias mais disseminadas é afirmar, descaradamente, que o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou da Presidência e passou aos governadores a responsabilidade de combater a Pandemia. Mentira. O STF apenas deu autonomia aos governos estaduais – diante da lambança que domina o ministério da saúde – para decretar lockdown sempre que acharem necessário. E para comprar vacinas. O STF não retirou uma vírgula da autoridade do governo federal – e nem teria autoridade para isso. Mas as Fake News jamais deixaram de ser o argumento mais usado por aqueles que ainda tentam defender esse desgoverno…. Eleito, também, com amplo uso de Fake News….
Quirera Gourmet