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02/03/2021 às 07:22
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Quirera Gourmet – 02/03/2021

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

“Tão Jovem e Já Rico Bonito e Famoso…”!

“Tão jovem e já rico, bonito e famoso”. Fui procurar na Internet um eventual autor ou a origem desta frase, que ouvi pela primeira vez há uns trinta anos, dita pelo amigo Alcebíades, o Alce, competente Jornalista de Chapecó – um emérito gozador, proprietário e explorador de rico veio satírico. Na primeira busca não encontrei autor, mas uma ampliação da sentença: “E mentiroso”! Também encontrei uma coletânea de frases atribuídas a jovens milionários – conhecida subespécie raríssima, entre nós, os meros mortais – que fazem nada, além de gastar a grana que tem. Não nego que invejo tais viventes, mas nem tanto pela grana em si, mas por acreditar que o ócio, depois do trabalho – quando a gente precisa e tem vontade – é a mais sensacional invenção da raça!

Não troco

Nascer em berço de ouro e viver desde jovem “tipo” rico e famoso (pula o mentiroso) é algo, porém, que gostaria, muitíssimo, de saber como funciona. Mas, com sinceridade acredito que se pudesse escolher, não trocaria pela minha infância e adolescência de “pé no chão”, de jogar futebol em campinhos de pelada, pescar no Rio Xanxerê e caçar de bodoque (ainda não existia o politicamente correto), tomar banho no pocinho do grupo, escondido da mãe e da “puliça” e jogar bolita, mesmo na menosprezada modalidade “cu de galinha”, e assistir as quase diárias brigas a socos e ponta-pés, nas saídas do colégio. E também namorar as meninas de longe, sem elas saberem…Com certeza, meninos ricos nunca experimentariam tais exóticas aventuras.

Jogador de Futebol

Mas ser rico e famoso, ou ao menos famoso, acredito que foi e ainda deve ser o sonho de muitos meninos, Brasil a fora. Nas respostas para a então inevitável pergunta “o que você quer ser quando crescer”, a minha preferida era “jogador de futebol”. Porque tinha irmãos mais velhos bons de bola e meu pai também se orgulhava de contar que enfrentou o “expressinho do Grêmio” na sua juventude, jogando pelo time de Anta Gorda, lá do Rio Grande amado. Contava também que naquele famoso jogo, minha mãe e sua namorada na época, teria jogado sua sombrinha no campo, desde o meio da torcida, numa esfuziante demonstração de amor a ele! Mas isso de jogar a sombrinha ela negava, veementemente. Meu pai tinha um bom humor inesgotável!

No Flamengo

Ser jogador de futebol, entretanto, não era algo incentivado lá em casa. A ordem – não conselho, ordem mesmo – era es-tu-dar! E aparecesse com nota vermelha para ver! Era receita certa para estudar tardes inteiras, sem arredar o pé da mesa! E sem pelada de tardinha… Mas jogar futebol em algum “time grande” acho que foi meu primeiro sonho de “ficar rico”, indiretamente. Porque naqueles anos a fama para mim valia muito mais que dinheiro! Mas eu queria mesmo era jogar futebol nos campinhos de pelada, todos os dias, se fosse possível. E continuei gostando de futebol até os 35 anos, mais ou menos, quando decidi abandonar a carreira. Não porque jogasse mal! Mas por acreditar que nessa idade jamais conseguiria ainda ser titular do Flamengo!

Megasena

Muito antes disso, com 26 anos, também abandonei a (para mim) pouco promissora, já então, carreira de futuro rico. Foi quando decidi deixar a Faculdade de Medicina e – apoiado pelo meu pai –  fui fazer faculdade de Jornalismo. Não sem ouvir do Seo Romeu, um terrível aviso: “Olha que isso não dá dinheiro hein”! Mas respondi a ele que “para o feijão eu me garanto”! E assim tem sido, até agora. A partir daí o sonho – e todo meu empenho – para “ficar rico” restringe-se a apostas na megasena, onde continuo investindo! E também na faculdade de Jornalismo meu conceito de riqueza mudou, radicalmente. Mas não vou dizer que deixei de gostar de ficar sem fazer nada, de enaltecer o ócio, o “dolce far niente”, mesmo durante os anos em que trabalhei tipo máquina, sem finais de semana de folga, como qualquer apaixonado pelo Jornalismo.

Em Boa Companhia

Assim o “ficar rico” para mim virou sinônimo de viver bem, sem exageros nem ostentação, satisfeito com o que tenho e com algum conforto, mais o dinheiro suficiente para não passar necessidades materiais. Também não posso esquecer o privilégio ser filho de um pai que jamais, nem depois de morto, deixou de ajudar seus filhos. Também já fui acusado por isso, mas sinceramente, não sinto a mínima culpa – e sempre que posso, ajudo a quem precisa – sem jamais fazer propaganda, ou me achar o cara. Apenas me sinto bem em poder ajudar. E ser rico para mim é estar em paz, ter boa saúde, bons amigos, acreditar em Deus, se relacionar bem com a família – mesmo com as inevitáveis brigas e desavenças normais…E, principalmente, minha maior riqueza é viver bem na ótima companhia de uma mulher amiga, companheira, namorada e amante, parceira de todas as horas –  minha maior riqueza, hoje e para sempre! E é uma riqueza que demorei para conquistar: Iamara, a Ia, só aconteceu em 2009, e eu já tinha 55 anos! Mas está valendo, muito, a pena!

Do Centro e dos Bairros…

E essa “vida de rico” que, aposentado, acredito que levo hoje não me passa despercebida não! Embora nunca tenha conseguido me enxergar como um rico, nem famoso e nem bonito. E muito menos mentiroso! Sou, com várias doses de boa vontade, um Jornalista razoavelmente (sendo generoso) conhecido…. Isso tanto na “área metropolitana da grande Xanxerê”, como em alguns círculos de amizade em Florianópolis. Consegui, acredito eu, evoluir bom trecho na profissão: Em 1988 quando comecei trabalhar em Xanxerê, Maíra – a minha filha mais velha, ao saber que eu era o primeiro “jornalista formado” a trabalhar na Campina da Cascavel, me deu a régua e o compasso, e me deixou orgulhoso: “Pai, tu és o melhor jornalista de Xanxerê, no centro e nos bairros”! Era o único, com diploma, e Maíra puxou ao pai….

De Bem com a Vida

Hoje essa irônica certeza não existe mais, há dezenas de bons e ótimos Jornalistas por aqui. E também nunca busquei ser o melhor, mas valorizei sempre meu trabalho e tenho orgulho de ser um profissional esforçado, dedicado e correto – mesmo que nem todos pensem assim!  Vai daí que existem muitíssimos tipos de riqueza – e torço para que cada um, e todos, descubramos, conquistemos ou possamos construir a nossa própria riqueza, ao gosto, tamanho e no modelito preferido de cada um! Também penso que ao conquistar sua riqueza, a pessoa jamais deva esquecer que já foi pobre. E que essa estória de ser jovem, bonito, rico e famoso muitas vezes é uma grande mentira, pura ilusão. Especialmente se a pessoa não se sentir feliz! E se não souber viver ‘de bem’ com a vida!

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