O médico suspeito de matar oito pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Itajaí teria cometido os crimes de forma cruel, conforme as investigações da Polícia Civil. A perícia identificou que informações nos prontuários e no sistema do hospital foram alteradas pelo profissional para encobrir as práticas. Testemunhas, porém, presenciaram o método adotado pelo homem. A defesa nega as acusações. De acordo com o delegado Sérgio Sousa, o indiciamento foi por homicídios qualificados por meio cruel, já que teriam acontecido porque o médico injetou uma medicação e retirou os pacientes, que estavam em estado grave, da respiração mecânica. Está bem evidente no inquérito de que ele deu causa mortis de oito vítimas, utilizando aquele remédio rocurônio, um bloqueador neuromuscular, que causa a morte da pessoa de forma cruel, quando é extubada. Sousa não detalha a investigação por conta do segredo de justiça exigido no caso, mas esclarece que as perícias feitas pelo IGP e Conselho Regional de Medicina foram fundamentais para a conclusão do inquérito. O Instituto não conseguiu afirmar a causa de quatro mortes por falta de informações no prontuário das vítimas. Já o médico perito do CRM encontrou evidências em todas as oito suspeitas. Com isso, mais a descoberta pericial de adulteração nas informações do tratamento dos pacientes e relato de testemunhas, Sousa encontrou provas para encaminhar o documento ao Ministério Público, que agora é responsável por efetivar ou não à denúncia à Justiça. O caso era investigado desde o ano passado, quando surgiram denúncias de que Gustavo Deboni teria “abreviado a vida” de pacientes do Hospital Marieta Konder Bornhausen, entre 2017 e 2019. No começo deste ano, policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na unidade de saúde para averiguar dados de computadores. Os agentes também foram até o apartamento do médico. Em agosto do ano passado, a colunista Dagmara Spautz trouxe com exclusividade a informação de que Deboni havia sido suspenso do Conselho Regional de Medicina (CRM).