A solidão e a nítida sensação de estar perdido em águas turbulentas, a bordo de um pequeno e frágil barco, sem velas e sem rumo, não é mais exclusividade da vida sofrida e infeliz de alguns adultos.
Nosso tempo, que nada tem de nosso, está revelando uma triste realidade. Essa tem haver com o abandono e a falta de sentido existente na vida de tantos imaturos e jovens seres humanos.
É preocupante constatar que crianças e adolescentes tão cheios de futuro, sequer sabem o que é um sonho para além daquele que podemos ter enquanto dormimos.
Se crianças de outros tempos tinham esperança em ser alguém mais feliz e importante ao seu modo no futuro que aguardavam ansiosamente, hoje é comum encontrarmos crianças e adolescentes tão cheios de tudo e tão vazios dos verdadeiros valores que dizem respeito à vida. A necessidade de um carinho de pai, de mãe, daquele que cuida, que ouve e aconselha está sendo substituída pelo toque da máquina que faz companhia, faz sorrir e até consegue fazer com que a vida simplesmente não mais seja.
Assim, julgando que o mundo moderno simplesmente desse modo deve ser, os sonhos não aprendidos ou cultivados vão sendo substituídos pelo sentimento de carência e abandono que contribui para que o jovem, em seu pequeno e frágil barco, aguarde, ansiosamente, um verdadeiro e desafiador sentido de viver. Entretanto, nessas águas turbulentas, correm risco de que um grande e improvável animal marinho colha o futuro daquele ser, esquecido, em meio à correria e o perigo das águas. É certo, que nessa história toda, aqueles que geram a vida, não estão conseguindo cultivá-la a ponto de que ela, de fato, não se perca. Estaríamos nós, adultos, falhando na educação de nossas crianças? Certamente, é um questionamento que cada família deve refletir antes que o choro contamine a vida de tantos lares de inocentes marujos à deriva.
Por Luciane Della Flora