Sempre chega um tempo que o ser humano, dentro de sua quietude, sente a necessidade de refletir sobre a essência que está mantendo-lhe vivo ou, por ventura nada incomum, está matando-lhe dia após dia. Inexiste nesse mundo algo tão barulhento quanto a quietude do ser que costumamos ouvir nas pausas que damos em nossos dias.
A vida de cada um é imperfeita na sua vivência, afinal jamais teremos tudo que nossa mente imagina. Entretanto, há uma perfeição nisso tudo, pois é na insatisfação que buscamos o contrário, que buscamos a satisfação e nos enfadamos de conquistar aquilo que almejamos. Logo, voltamos a sonhar outros sonhos. Novas serão as pausas.
É de maneira dócil, que a fera humana transborda os desejos de sua mente em cada amanhecer. Às vezes de modo descompassado, luta por aquilo que acredita, com garras, unhas, dentes e, tantos outros momentos, com palavras brilhantes e até cortantes, capazes de ferir aqueles que envolvem sua vivência. Certamente, após uma pausa reflexiva de vida haverá algum conflito entre aquele eu que não aceita viver como o outro quer. E convenhamos que o outro, tantas vezes, quer ditar demais.
Estamos permeados do outro nesse mundo antagônico, repleto de modismos tendenciosos, tradições rígidas ou valores esquecidos ou aqueles desprovidos da mutabilidade singular de nós mesmos, classificados, ainda, como humanos. Sem dúvida, o ser que habita em cada um é único, imperfeito que ciente de suas imperfeições, prefere arriscar a viver para agradar o outro. Nessas pausas, o outro que deixa de ter o controle da situação toda, enlouquece ou tenta fazer acreditar que as pausas são desnecessárias durante os dias vividos. Um viva aos conflitos necessários!
Conflitar-se, enfrentar os monstros internos e os que circulam em nosso meio talvez seja um dos maiores desafios do ser humano. Como enfrentar e escolher o caminho a ser vivido? Como escolher quem ser? Jamais haverá uma resposta simples naquilo que podemos considerar uma explosão da vida.
Pausar-se! Dar uma pausa a si mesmo, ouvir a voz escondida é necessário. Encontrar-se e assumir as consequências desse encontro da existência é, sem dúvida, uma necessidade para que a lagarta vire borboleta e não precise viver em um casulo, protegendo-se ou dependendo do outro.