Após 20 dias internado, na angustia de ser ou não entubado, o médico e doutor responsável pela equipe de profissionais da Secretaria de Saúde de Xanxerê, Diego Corso, enfrentou e venceu o coronavírus. Ele conta nesta entrevista como foi a trajetória desde o diagnóstico até a sua constante recuperação atual, mostrando que a força de vontade, os cuidados redobrados e a vacinação podem fazer a diferença. Acompanhe!
Ronda: Como foi descobrir que estava positivado e qual sua primeira reação?
Dr.Diego Corso: Permaneci tranquilo, acreditando que por não apresentar comorbidades transcorreria o curso das maiorias dos casos em que não necessitam cuidados extremos. Procurei me isolar conforme as orientações e aguardar o tempo do isolamento.
Ronda: Conte como foram os dias até sua alta, qual os maiores temores?
Corso: Durante todo o período não tive pavor de morrer, mas sim medo. Ainda mais por saber do curso da doença. Somente pensava na minha família, especialmente em minha filha. Foram longos dias deitado em uma cama hospitalar, com inúmeros equipamentos para monitorar os sinais vitais, sondas para alimentação e aparelhos para estimular a melhora da capacidade pulmonar. A maravilhosa equipe de profissionais da UTI Covid do Hospital da Unimed, não permitia que eu desanimasse, me estimulando a realizar todas as terapias que dependessem do meu esforço durante todo o decorrer dos dias, inclusive nas madrugadas. Houve dias de piora clínica onde foi cogitado intubação. Porem com graças ao desempenho de toda a equipe profissional e as inúmeras orações, preces e vibrações recebidas de toda a comunidade, fui abençoado e não necessitei ser intubado, e após 20 dias pude retornar ao convívio dos meus familiares.
Ronda: Como foi e está sendo sua recuperação?
Corso: A infecção por coronavírus gera inúmeros impactos. O principal foi na capacidade pulmonar e a fraqueza muscular devido ao tempo restrito ao leito. Tenho realizado diariamente fisioterapia respiratória e muscular. Sigo em uso de oxigênio em baixa quantidade. Diariamente observo estar melhorando gradualmente, pouco a pouco.
Ronda: Por estar direto na área da saúde, como acha que contraiu o vírus?
Corso: Esta é uma pergunta que quem teve o contágio com o coronavírus se pergunta. Porém dificilmente saberemos. Desde o primeiro dia da pandemia procurei seguir as orientações. Até mesmo durante o pior momento em fevereiro deste ano, não tive contato. Hoje vivemos um momento mais tranquilo, onde grande parte da população está vacinada e orientada, a chance de ter contato é menor, porém não é nulo. Provavelmente em algum momento falhei no cuidado e contrai a infecção.
Ronda: Que mensagem pode deixar para as famílias que sofreram ou sofrem com a doença?
Corso: Neste momento em que a maioria da população está vacinada e que está sendo discutido a revogação do uso de máscaras, temos por natureza nos sentirmos mais seguros e negligenciarmos os cuidados.
Independentemente da opinião sobre tratamentos ou vacinas, os cuidados são importantes, principalmente quando com sintomas respiratórios. Sabemos que é desconfortável usar as máscaras o tempo todo, porém não podemos negar que o seu uso diminuiu muito os quadros de gripes, resfriados e outras infecções transmitidas por via respiratória.
Por isso, ao menor sintoma ou desconfiança, procure uma unidade de saúde do município ou laboratório da rede privada e realize o exame diagnóstico. Caso o resultado seja positivo, fique atento aos sintomas de febre alta acima de 38°C, falta de ar, respiração curta e fala cortada. Caso tenha algum desses sintomas procure imediatamente as unidades de saúde ou hospital para avaliação. Procure se alimentar bem e ingerir bastante líquidos. Evite aglomerações e compartilhamento de objetos, como cuias de chimarrão e principalmente vacinem-se.
Não importa qual for a “marca”, a melhor vacina é aquela que for aplicada. A probabilidade de recuperação em caso de internação em UTI será maior se estiver vacinado. Caso não tenha realizado a primeira ou segunda dose, faça.
As festas de final de ano estão chegando, e como no início do ano de 2021 houve o aumento dos casos. Apesar das vacinas, novas variantes seguem surgindo, o que poderá repetir um novo “fevereiro de 2021”.