A garota Luna Nathieli Bonet Gonçalves, 11, da cidade de Timbó, cuja mãe confessou ter a matado com socos e chutes por supostamente estar revoltada com ela ter iniciado a vida sexual, pode ter morrido até quatro horas antes dos responsáveis terem decidido pedir socorro ao Corpo de Bombeiros, no início da madrugada de quinta-feira (14). A afirmação é da médica que atendeu a menina na unidade hospitalar ao delegado André Beckmann, responsável pelo caso. “Pelos sinais que a criança tinha, principalmente o resfriamento, a médica estimou que Luna pode ter morrido 3 a 4 horas antes”. O laudo que deve apontar com exatidão a hora que Luna morreu não foi totalmente concluído, mas já constatou que a garota morreu em decorrência de um politraumatismo com diversas lesões e contusões internas e externas no crânio, baço, pulmão, alças intestinais, laceração na vagina, marcas no rosto, braços e pernas, além da região torácica. A autoridade policial ainda aguarda se o documento também aponta a suspeita de crime sexual, o que mudaria o foco das investigações. Havia marcas de sangue na roupa íntima de Luna. “O laudo vai confirmar se houve ou não. [Se comprovado] a partir daí nós vamos verificar quem foi o autor dos fatos. Por enquanto a gente precisa tentar refazer o dia da criança, para poder entender se realmente ela teve um ‘namoradinho’ ou não. Tentar ganhar mais elementos e informações”. Perguntado sobre a possível participação de familiares na morte, envolvendo o padrasto ou outros parentes, o delegado se limitou a dizer que vai apurar se houve ou não. Em depoimento, a mãe de Luna afirmou que temia pela iniciação sexual precoce da filha e que não aceitava que ela tivesse esse tipo de relação tão jovem. A mulher já trabalhou como garota de programa. Luna morava com a mãe e o padrasto — que mantinham um relacionamento há cerca de um ano — e mais dois irmãos oriundos de outros relacionamentos da mãe. Uma menina de 6 anos e um bebê de 9 meses, cujo pai seria o padrasto de Luna. Ele, que tinha passagens pela polícia, segundo a PM, por violência doméstica, dano, lesão corporal, estelionato e posse de drogas, até ser detido, possuía três empregos diferentes e a mãe trabalhava em casa, montando brinquedos. A família não aparentava passar por grandes necessidades, conforme o delegado. Em um primeiro depoimento, o padrasto e a mãe afirmaram que Luna havia caído da escada. Ela teria ficado consciente e jantado, tomado banho e, mais tarde, começado a passar mal, até que os responsáveis teriam chamado por socorro. Após o laudo e os vestígios de sangue, o casal foi novamente ouvido, na última sexta-feira (15), e a mãe confessou que teria matado a filha após saber que Luna tinha um relacionamento afetivo e que havia se tornado “sexualmente ativa”. Já o padrasto permaneceu em silêncio durante todo o depoimento. Desde então, o casal está preso temporariamente por 30 dias, mesma data que a Polícia Civil pretende concluir as investigações.
(UOL)