A dor de uma lança transpassada no peito é inimaginável, entretanto, muitos são os que, em algum momento da vida, encontram, mesmo que sem querer, a morte da parte mais profunda do seu ser. O egoísmo, a incapacidade de colocar-se no lugar do outro, os vícios, entre tantas outras coisas mundanas podem, de algum modo, transpassar o peito daquele que, mesmo sem merecer, terá de enfrentar dias feridos e reflexivos.
Parece que a humanidade está adoecendo em tantos aspectos da vida. Lanças estão transpassando corações inocentes em tantos cantos do mundo. Os soldados de Pilatos, infelizmente, não foram exclusividade da história que, ainda hoje, nos causa tristeza e remorso, embora não tenhamos sido nós os responsáveis pela libertação de Barrabás. Eles, ainda hoje, convivem conosco!
É certo que a vida desvirtuada de tantos homens e a falta de sentimento pelo outro propicia ações de destruição em larga escala. Acompanhamos, nesses nossos dias, a dor de tantos que, por terem diferentes crenças, foram crucificados ao modo moderno e químico da maldade humana, que descende daquele atroz.
Nem o choro paternal é capaz de compadecer aqueles que praticam tais atrocidades, o que nos leva a questionar que tipo de família esses homens provavelmente têm e se, em algum momento, souberam de fato o significado da palavra amor. Parece-nos que há uma incapacidade de perceber que estamos perdendo aquilo que nos é mais precioso: a capacidade de viver alegremente.
Essa nossa época de conflitos diversos, sejam eles políticos, sociais ou aqueles que carregamos em nosso frágil coração, permite que, cada vez mais, a morte seja propagada. A falta de alicerce emotivo e a ganância pelo poder, talvez, sejam umas das causas para que a lança da morte transpasse a vida de tantos, levando-os ao desterro de maneira abreviada. É triste pensar que a morte em larga escala ocorre constantemente no Oriente Médio e em todas as outras partes do mundo, em algumas de maneira silenciosa.
Infelizmente, o povo que observa os crucificados não tem noção da dor que causa uma lança transpassada no peito, a qual faz com que a vida se definhe e encaminhe-se para os últimos suspiros. Os Pilatos que promovem a dor nesse mundo estão cada vez mais encontráveis. Podem eles, em dado momento, conviverem ao seu lado, sem que ao menos perceba. A falta de amor desses irá ferir alguém, certamente. É preciso reflexão!
Se Jesus, após tantos sofrimentos humanos, conseguiu nos mostrar que voltar à vida, ressuscitar, é possível, talvez, nós meros humanos, por tantas vezes espectadores das dores do mundo ou do próprio ser, estejamos a ser chamados a compreender que há uma necessidade de ajudar o semelhante curar as dores das lanças transpassadas para que, assim, possa ele voltar à vida. Pensemos nisso!
Por Luciane Marangon Della Flora