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21/04/2017 às 19:46
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Incapazes de amar

Colunista Tecendo Palavras

Tem gente que, às vezes, sente vontade de voltar no tempo. Esse, porém, não diz respeito àquele que um dia foi seu, mas ao tempo que, conscientemente, jamais lhe pertenceu.

O motivo desse desejo de regresso, certamente, não tem haver com as dificuldades da vida de nossos antepassados e, sim, com a ideia de que, talvez, em outros tempos os sentimentos existissem para além do momento. Há quem questione a veracidade das vivências, em épocas passadas, daquilo que é essencial ao ser humano, mas o fato é que, aparentemente, o amor sentido ou aprendido, construía famílias sólidas, em geral, e não superficiais como tantas de nosso tempo.

Quanto mais observamos os relacionamentos de algumas tristes realidades, mais nos parece que a importância de amar, por desilusões ou motivos diversos, não está na lista de prioridades da vida de tantos. O significado da expressão “colha o dia”, mais conhecido como “carpe diem”, foi substituído por beije o quanto puder, tenha o mais que conseguir e “viva a vida”. Resumindo, apenas bastaria trocar as vestes para ser feliz!

Que concepções de vida e de felicidade distorcidas! Esses seres humanos vazios de sentimentos estão ou são incapazes de construir aquilo que de fato tem importância, independente do tempo referido. Consequentemente, a incapacidade momentânea e em tantos permanente de amar resulta nesse corriqueiro e moderno desfazer-se de relações, geralmente marcadas pelo amor de um só.

Assim, mesmo que regados à festa, a solidão irá corroer esses seres que, embora se julguem cheios de vida, estão em algum lugar e momento sentindo tudo, sem sentir verdadeiramente nada. É fato, que o silêncio irá emudecê-los em algum momento!

Se a culpa é da máquina, do copo ou do corpo (do outro), não é possível afirmar, mas o fato é que, cada vez menos, busca-se a construção de relações permeadas daquilo que chamamos amor e, entristeçam-se, há seres aparentemente tão gentis que, infelizmente, julgam-se incapazes de amar!

Ah, que saudades de outros tempos! Saudades, até de Alberto Caeiro, que diria que amar combina com a eterna inocência, mas, infelizmente, essa não tem mais espaço nos dias atuais.

Por Luciane Marangon Della Flora

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