Um garoto de 8 anos, morador do município de Quixeramobim, no interior do Ceará, escreveu uma carta destinada à juíza Kathleen Nicola Kilian, titular da 1ª Vara da Comarca da cidade, com um pedido muito especial para ele: retirar o sobrenome do pai biológico e incluir o do padrasto, a quem ele chama de “pai de verdade”. “Senhora juíza, quero pedir encarecidamente que a senhora troque meu nome, que é (…) e quero retirar o sobrenome Sousa, que é o sobrenome do meu pai biológico e eu gostaria muito de usar o sobrenome do meu verdadeiro pai, que é o meu padrasto e ele sim é um pai de verdade pra mim….”, escreveu o menino na carta. Na carta escrita a lápis, a criança ainda descreve o que o motivou a fazer o pedido e como ele teve a ideia de entrar em contato com a juíza. “…ele esteve comigo nos momentos bons e ruins. Estou lhe pedindo porque vi no celular a senhora distribuindo cestas básicas para as famílias carentes e isto é um verdadeiro ato de amor ao próximo”, finalizou o garoto. A ação social feita pela juíza Kathleen Kilian e citada no texto pela criança foi divulgada nos veículos de um grupo de rádio, TV e portal da região na semana passada. No dia 25 de maio a carta direcionada a juíza foi entregue pela mãe da criança ao radialista Fabiano Barros, apresentador do programa onde que a criança viu a juíza. Eles moram a cerca de 40 quilômetros de distância da cidade, a mãe dele aproveitou que veio a sede e foi a emissora me entregar a carta com um pedido do menino, que eu fizesse chegar na mão da juíza, porque ele tinha ouvido sobre ela na rádio. Eu fiquei muito surpreso, relembra Fabiano. Segundo o radialista, no mesmo dia ele entrou em contato com a juíza, enviou a foto da carta para ela através do WhatsApp e entregou a carta no Fórum de Quixeramobim. Fabiano Barros afirma que não é a primeira vez que o garoto surpreende com um pedido especial. Conforme o comunicador, em uma campanha realizada pelo grupo de comunicação em dezembro de 2020, em que crianças escreviam cartas com pedidos de Natal que seriam adotados por voluntários, enquanto a maioria pediu presentes, o menino, que tinha sete anos na época, pediu para conhecer a prefeita da cidade de Madalena, Sonia Costa. Um dia após receber a carta, a juíza Kathleen Nicola Kilian respondeu à criança também através de uma carta agradecendo pelo carinho e informando que agendou o atendimento da família dele com a família na Defensoria Pública para formalizar perante a Justiça o pedido feito pelo garoto. A magistrada continuou o texto compartilhando ensinamentos ao menino. “…quanto a sua fala sobre me conhecer por ser juíza que ajuda as pessoas, nada seremos sem enxergarmos e auxiliarmos uns aos outros. Mantenha sempre seu senso de Justiça, tenha interesse pelos seus direitos e pelos direitos de todos. Estude, seja verdadeiro, sinta, tenha coragem e se comprometa com os seus sonhos… No final do dia, o que faz a diferença é o que nos emocionou e o quanto sensibilizamos as pessoas”. No dia 1º de junho a família da criança foi atendida pela Defensoria Pública. Na ocasião, o defensor público Jefferson Leite Dias esclareceu ao garoto que o sobrenome do pai biológico não poderia ser retirado, porém o do padrasto poderia ser incluso. O órgão vai buscar o reconhecimento do vínculo para os efeitos legais.
G1SC