O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) divulgou, nesta quinta-feira (22), que a estiagem no Oeste de Santa Catarina provoca riscos à agropecuária. De acordo com o Centro, os bons preços pagos ao produtor rural são os destaques do Boletim Agropecuário de outubro. Porém, analistas alertam para os riscos que o atual cenário de falta de chuvas impõe às safras. O Boletim Agropecuário é emitido mensalmente pelo Cepa e reúne as informações conjunturais de alguns dos principais produtos agropecuários de Santa Catarina. Os preços pagos ao produtor de feijão continuam em alta. Em Santa Catarina, os produtores de feijão-carioca receberam em média 6,86% a mais em setembro em comparação ao mês anterior. Para o feijão-preto, variação positiva de 18,74% no mesmo período. Em relação à variação anual (preço nominal), no mercado catarinense os preços do feijão-carioca estão 65% acima. Para o feijão-preto, o incremento anual se aproxima de 80%. A preocupação agora é com a produção à campo. O Boletim aponta que, provavelmente, a safra nacional será menor em função dos baixos volumes de chuvas registrados. Com isso, a expectativa é de menor oferta de produto, fazendo com que os preços se mantenham nos patamares atuais. Os preços do milho seguem em movimento de forte elevação. Em setembro, o preço médio mensal pago ao produtor em Santa Catarina foi de R$53,73 a saca de 60kg, 6,8% superior ao de agosto e 34,3% superior ao de setembro de 2019. Em 14 de outubro registrou-se valor de R$61,00 a saca, o que estabelece indicativo de alta no mês. As exportações e a alta demanda interna explicam os preços elevados. Se persistir o quadro de poucas chuvas no Oeste do Estado, há risco para o potencial produtivo das lavouras. Na soja, os preços pagos ao produtor bateram recordes nominais da série avaliada pela Epagri/Cepa, com aumento de 9,2% entre agosto e setembro. Nos últimos doze meses, a alta foi de 40,79%. Os preços estão sendo impulsionados pela valorização externa e firmes demandas internas. As chuvas irregulares em setembro e início de outubro estão provocando atraso no plantio em algumas regiões do Estado. Em outubro, se inicia o calendário mais recomendado para o plantio na maioria das regiões catarinenses. A persistência dos níveis insuficiente de chuvas poderá afetar a germinação e início do desenvolvimento das plantas, fase importante para a cultura. O trigo é outro grão cujos preços permanecem em alta em Santa Catarina. Com a colheita iniciada no Estado, a saca de 60kg do cereal apresentou valorização de 5,12%, com média mensal de setembro em R$60,20 contra R$57,27 do mês anterior. O baixo volume de chuvas observado em setembro em muitas regiões produtoras catarinenses pode afetar a qualidade do produto colhido. Os preços do arroz em casca continuam em alta. Mercado externo também segue aquecido, com aumento significativo das exportações estaduais. A estimativa inicial da safra 2020/21 aponta para manutenção da área plantada e redução de produtividade e produção. A safra catarinense de alho se desenvolve normalmente, a despeito de alguns eventos climáticos. Apesar das baixas precipitações, ainda há disponibilidade de água para manter a irrigação. Na Ceasa/SC, unidade de São José, o preço do alho nobre nacional, classes quatro e cinco, que foi comercializado em agosto a R$13,00/kg, reagiu e fechou o mês de setembro a R$14,00/kg, aumento de 7,14%. Situação semelhante ocorreu com o alho classes 6 e 7, que finalizou o mês de agosto a R$18,72/kg e atingiu R$19,74/kg no final de setembro, aumento de 10,12%. A safra de cebola se desenvolve normalmente em Santa Catarina, em boas condições fitossanitárias e produtivas, exceto nas áreas afetadas pelos eventos climáticos extremos que atingiram lavouras de forma localizada. Tanto na Ceagesp quanto na Ceasa/SC, setembro fechou com preços em baixa em relação ao mês de agosto, tendência mantida nas primeiras semanas de outubro. O preço médio pago pelo suíno vivo em Santa Catarina em setembro foi 4,9% maior na comparação com agosto. Em relação a outubro de 2019, a elevação é de 44,3%. A forte demanda internacional, principalmente por parte da China, justifica a alta. Em setembro, Santa Catarina exportou 43,11 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos), queda de 15,1% em relação ao mês anterior, mas alta de 16,2% na comparação com setembro de 2019. As receitas foram de US$ 97,12 milhões, queda de 11,2% em relação ao mês anterior e alta de 19% na comparação com setembro de 2019. De janeiro a setembro, o Estado exportou 389,11 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 855,70 milhões, altas de 26,2% e 37,4%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2019. Santa Catarina foi responsável por 51,4% das receitas e 51,6% da quantidade de carne suína exportada pelo Brasil este ano. No caso do frango, a elevação dos custos de produção preocupa o produtor, principalmente em razão do aumento no preço do milho e do farelo de soja, principais componentes da ração. Os preços seguem reagindo. Na primeira quinzena de outubro o preço do frango vivo em Santa Catarina variou 0,6% em relação a setembro e em 12 meses a alta é de 17,8%. Por outro lado, as exportações continuam em queda. Santa Catarina exportou 77,72 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em setembro, -0,8% em relação ao mês anterior e -16,7% na comparação com setembro de 2019. As receitas foram de US$ 116,66 milhões, queda de 0,5% em relação ao mês anterior e de 27,9% na comparação com setembro de 2019. De janeiro a setembro, Santa Catarina exportou 734,39 mil toneladas de carne de frango, com faturamento de US$ 1,15 bilhão, quedas de 27,5% em quantidade e de 34,9% em valor na comparação com o mesmo período de 2019. O estado foi responsável por 25,3% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango este ano. Nas duas primeiras semanas de outubro observou-se variação positiva nos preços do boi gordo em Santa Catarina. Em relação a setembro, a alta foi de 3,8% na média estadual. Quando se comparam os valores atuais com aqueles praticados em outubro de 2019, a variação é bem mais significativa: 48,9%. Esses fortes movimentos de alta decorrem principalmente da baixa disponibilidade de animais prontos para abate e do bom fluxo das exportações brasileiras. A perspectiva é de que essa tendência de alta se mantenha nos próximos meses. Os preços recebidos pelos produtores de leite tiveram nova alta nesse mês de outubro, embora os preços dos lácteos já sejam decrescentes no atacado. Em novembro, os preços aos produtores deverão ser inferiores aos de outubro. Entre janeiro e setembro, o volume comercializado de banana de origem catarinense nas principais centrais de abastecimento do país foi 34,4% menor que a média entre 2016 e 2020. No terceiro trimestre, foi 38,5% menor que a média dos últimos quatro anos. As exportações também diminuíram no mesmo período: 9,8% no volume e 14,1% no valor negociado. Já os preços valorizaram entre agosto e setembro. Houve elevação nas cotações da banana-caturra, como reflexo da redução de plantas devido aos efeitos do ciclone. A banana-prata recuperou a valorização das cotações entre agosto e setembro, mas manteve desvalorização em relação ao ano anterior, em função da redução da qualidade das frutas nos bananais e a necessidade de escoar a produção. No mercado atacadista, a banana-caturra está com preços acima da banana prata nos entrepostos.
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Epagri