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05/08/2020 às 11:18
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Entrevista: Médico esclarece dúvidas sobre a prescrição e uso de medicamentos para pacientes com sintomas da Covid-19

Covid-19 Saúde Xanxerê
Por: Joimara S.Camilotti
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O médico responsável pelos profissionais que atuam na Saúde de Xanxerê, Diego Corso, esclareceu algumas das principais dúvidas da população quanto a prescrição e uso de medicamentos para pacientes com sintomas do novo coronavírus. Acompanhe a entrevista:

Ronda Policial – Desde que data os médicos que atendem no Posto Hélio dos Anjos Ortiz, referência municipal para os casos suspeitos da Covid-19, estão prescrevendo os medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina para os pacientes suspeitos e positivados da infecção?

Diego Corso-  Os médicos, a partir do momento em que terminam a graduação e se realizam seu registro junto ao órgão de classe, no caso o Conselho Regional de Medicina, estão habilitados a prescrever quaisquer medicamentos, dentro dos ditames éticos e legais que os regem. Assim, desde o momento inicial da pandemia os profissionais médicos do município estão prescrevendo as medicações necessárias para o tratamento dos sintomas dos possíveis casos e casos confirmados de Covid-19.

RP- Quais são os medicamentos mais indicados atualmente pelos médicos do município para os pacientes que buscam atendimento, antes da chegada do resultado do exame e assim que o resultado der positivo?

Diego Corso – Não existem medicamentos mais indicados ou não para tratamento de qualquer patologia, seja a infecção por coronavírus ou não. A prescrição de qualquer medicamento dependerá da avaliação clínica dos sintomas apresentados por estes pacientes, norteando a escolha, independentemente de ter o resultado do exame confirmando ou não a doença, no caso do coronavírus onde não existe um tratamento considerado definitivo. Mesmo em uma patologia conhecida como hipertensão, a escolha de qual medicamento será prescrito dependerá da avaliação dos sintomas, não existindo uma “receita mágica igual” que resolverá o problema de todos os hipertensos do mundo.

RP – A prescrição de hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e azitromicina só pode ser dada com a prescrição dos médicos em Xanxerê. Sabe-se que não há um consenso na indicação dos medicamentos, qual é a orientação para os pacientes que apresentam sintomas, buscam o atendimento na unidade e o médico não receita tais fármacos?

Diego Corso – A prescrições destas medicações no Brasil todo, não somente em Xanxerê só podem ser fornecidas com receita médica, obedecendo uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Realmente, não existe um consenso sobre a indicação dos medicamentos citados dentro do quadro dos profissionais da saúde do município de Xanxerê e no Brasil em geral. Caso o profissional que avaliou não receite especificamente a hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina ou outro de sua expectativa, converse com o mesmo e procure entender o porquê estes não foram prescritos, e sim outros. Caso suas dúvidas não foram superadas, dentro da rede municipal poderá encontrar outros profissionais que poderão fornecer uma segunda ou terceira opinião.

RP – Há reclamações da demora da prescrição de medicamentos que amenizem os sintomas da Covid-19 e não deixem o quadro se agravar, por parte de profissionais atendidos pelo Hélio Ortiz. Muitos dizem que assim que tem os sintomas só recebem como medicamento paracetamol. Como é feito o protocolo de atendimento dos pacientes que buscam aquela unidade com os sintomas?

Diego Corso- Todos os pacientes que procuram atendimentos no Centro de Atendimento ao Coronavírus, localizado no Centro de Saúde Hélio dos Anjos Ortiz, são avaliados quanto aos sintomas por eles relatados no momento da consulta, bem como aos achados no exame físico realizado pelo médico que avalia. Alguns pacientes podem apresentar somente dores no corpo, cabeça, sem outros sintomas a mais. Nestes casos poderão ser prescritos medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares. Porém, em outros casos, quando o quadro clínico é mais intenso poderão estar associados ao tratamento mais medicamentos. Como dito anteriormente, os pacientes devem ser tratados dentro de suas individualidades clínicas.

RP – Qual o prazo para início de uma medicação que surta efeito, frente a demora no resultado dos exames?

Diego Corso –  É recomendado que assim que apareçam os primeiros sinais e/ou sintomas sugestivos de contaminação por coronavírus, que o paciente procure por orientação e/ou avaliação médica. Ao iniciar o tratamento dos sintomas logo nos primeiros dias, evitasse um desconforto físico e o risco de evolução desfavorável do quadro. Não é necessária a confirmação laboratorial para o coronavírus para iniciar um tratamento. A escolha do método de exame diagnóstico dependerá do dia de início do sintoma. Assim quando perceber qualquer sintoma, procure imediatamente o centro de referência.

RP -Porque o município não pode liberar os medicamentos do tal chamado Kit para toda a população? Cite os riscos.

Diego Corso-  Não depende de o município liberar ou não o chamado “KIT” composto por hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e azitromicina entre outros. Existem normas e legislações federais que determinam como deve ser a dispensação destes medicamentos. Acredito que seus efeitos são bastante conhecidos na comunidade médica para a utilização nas patologias as quais eles foram liberados pela ANVISA. A falta de consenso está nos estudos com resultados contraditórios referentes a utilização no caso especifico do coronavírus. E hoje com a polarização em que estamos vivenciando e com a alta demanda por judicialização contra médicos, alguns optam por prescrevê-los somente para os fins que foram liberados pelos órgãos regulatórios.

RP – Para que tais medicamentos sejam usados de forma precoce, já que preventiva seria somente a vacina, quando ele deve passar a ser utilizado pelos pacientes?

Diego Corso – Acredito que devam ser usados pelos pacientes quando, juntamente com o médico que o atenda, estejam de acordo. Que ambos tenham consciência de todos os fatores e efeitos que possam a vir ocorrer com seu uso em uma situação não usual podendo ou não trazer um efeito positivo sobre o tratamento do coronavírus, e caso ocorra qualquer dessas situações, ambos sejam responsáveis por suas decisões.

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