Descrença e comemoração – A decisão do governador de São Paulo, João Doria, de desistir de concorrer à eleição espalhou reações contraditórias no meio tucano. Mas o efeito moral o governador obteve com o gesto mais duro: pretende deixar o partido, conforme declarou a auxiliares e a aliados. Com a atitude, Doria expõe o PSDB à contradição interna: o partido o escolheu em convenção e indica apoio a outro: Eduardo Leite. Desde a tarde da quarta-feira (30), foi intenso o movimento de avaliação da decisão do governador e também do “deixa-disso”, como os políticos batizam o esforço para demovê-lo. No entanto, até mesmo os auxiliares mais próximos estão perplexos com a convicção de Doria, que pretende anunciar a guinada política na tarde desta quinta-feira (31). Entre os apoiadores de Eduardo Leite estão os integrantes das alas comandadas pelo senador Tasso Jereissati (PSDB/CE) e pelo deputado Aécio Neves (PSDB/MG). O gaúcho reúne a maior parte dos tucanos históricos e estaria disposto a abrir a divergência, mesmo tendo perdido a convenção que escolheu o candidato. O gesto de Doria, no entanto, coloca a todos diante do desgaste moral de romper com as regras. A reviravolta também afeta diretamente Rodrigo Garcia, vice de Doria e candidato à sua sucessão. Garcia migrou do DEM para o PSDB e esperava assumir a cadeira de governador como forma de turbinar a própria campanha. A frustração deste plano instaura um complicador adicional à cena política paulista e pode ter reflexos favoráveis para os demais concorrentes ao Palácio dos Bandeirantes. Fernando Haddad, do PT, está na dianteira nas pesquisas, e Tarcísio Freitas, candidato de Bolsonaro, aparece com desempenho surpreendente.