Cientistas confirmaram três casos de reinfecção pelo novo coronavírus em Hong Kong, na Bélgica e na Holanda. Pesquisadores de Hong Kong afirmam que uma vacina contra a Covid-19 não deve ser capaz de proteger para a vida inteira, mas ainda não é possível saber quais as dimensões do impacto dessa descoberta na busca por um imunizante contra a doença.
Rosana Richtmann, integrante do comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e médica da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, ressalta que vacinas desenvolvidas a partir do RNA mensageiro são mais adaptáveis a um novo tipo de vírus. A vacina desenvolvida pela Pfizer é um exemplo de imunizante feito à base de RNA mensageiro. Essa molécula entra na célula e fornece a ela as informações necessárias para a produção de uma das proteínas que compõem o novo coronavírus. Essa proteína será reconhecida como um corpo estranho e assim estimulará a resposta imunológica. Já a Coronavac, do Instituto Butantan e da empresa chinesa Sinovac Biotech, é feita com o novo coronavírus inativado, isto é, morto a partir de processos físicos e químicos. Assim, o vírus não consegue se replicar, mas faz com que o sistema imunológico reaja e crie os anticorpos necessários.
Rosana afirma, no entanto, que a confirmação de pacientes com reinfecção pelo coronavírus não deve afetar o desenvolvimento de vacinas. “A princípio, não vejo grande impacto para a vacina. Primeiro, a gente ainda não sabe nada sobre a eficácia de vacina. Enquanto não acabarem a fase 3 (etapa que comprova se a vacina é realmente eficaz para proteger contra a Covid-19), não dá para saber qual será o impacto. Caso a vacina não consiga dar uma resposta adequada, pode ser um problema no sentido de ter que revacinar anualmente [as pessoas], como acontece com o vírus da gripe”. No entanto, o imunizante não trará o controle imediato da pandemia mesmo que obtenha sucesso na fase 3. Portanto, ainda será preciso praticar as medidas de prevenção contra o coronavírus. Para Rosana, o novo coronavírus deve se tornar endêmico. Isso significa que ele será detectado com certa frequência em determinada região ou população “com épocas em que ele tem menor e maior circulação”, descreve a médica. As especialistas concordam que os casos confirmados de reinfecção afastam a ideia de imunidade de rebanho, quando a maior parte das pessoas de uma comunidade já se tornou imune a ao vírus por ter sido infectada e desenvolver imunização natural, o que impede a propagação da doença.
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CP