O Ministério da Saúde completou neste sábado (5), 50 dias sem um titular no cargo. A vaga é ocupada interinamente pelo general Eduardo Pazuello e o presidente Jair Bolsonaro não tem dado nenhuma sinalização de que está em busca de um nome para a pasta que tem entre suas missões enfrentar a pandemia do novo coronavírus. O País é o segundo com maior número de mortes e casos do novo coronavírus no mundo. É a primeira vez desde 1953 que o ministério fica tanto tempo sem um titular. Naquele ano, Antônio Balbino comandou de agosto a dezembro a pasta interinamente, enquanto também era chefe do Ministério da Educação (MEC). As duas pastas haviam acabado de se separar. Em outras ocasiões, Bolsonaro foi mais ágil. Quando Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, ele foi substituído por André Mendonça em cinco dias. O economista Carlos Decotelli assumiu o MEC também cinco dias após Abraham Weintraub deixar o posto. A Educação voltou a ficar sem ministro cinco dias após Decotelli ser nomeado. Na própria pasta da Saúde foi assim quando Luiz Henrique Mandetta (DEM) saiu do posto. Nelson Teich assumiu no dia seguinte. Sob comando interino do general Pazuello, o ministério abandonou a defesa do distanciamento social mais rígido e passou a recomendar tratamentos para a Covid-19 sem aval de entidades médicas e científicas, como o uso da hidroxicloroquina. A pasta ainda perdeu técnicos com décadas de experiência no SUS e nomeou militares para cargos estratégicos. Mesmo interino no cargo, Pazuello é apontado por colegas de governo e secretários locais de saúde como mais influente e poderoso do que Teich, último titular da pasta, que pediu demissão em 15 de maio. Os primeiros movimentos do Ministério da Saúde sob gestão interina escancararam a mudança brusca de posicionamento do governo federal. Em 20 de maio, o órgão publicou orientações para uso da cloroquina desde os primeiros sintomas do novo coronavírus, mesmo sem a droga apresentar eficácia contra a doença. A medida era uma exigência de Bolsonaro e atropelou recomendações dos próprios técnicos do ministério e de entidades de saúde.
CP