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18/03/2021 às 14:34
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Aumento de casos no Brasil pode criar mutação resistente a vacinas

Brasil Covid-19 Saúde
Por: Flavio Carvalho
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No Brasil, os imunizantes usados são a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, e a Oxford, feita pela Fiocruz. Ambas são eficazes contra a cepa do Amazonas. O médico Guilherme Furtado, líder da infectologia do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo, lembra que a mutação brasileira apresenta escape ao sistema imunológico e as reinfecções são uma realidade que também contribuem para o quase colapso da saúde. “A maior transmissibilidade da mutação do Amazonas e a possibilidade de reinfecção, que vemos com tanta frequência nos pacientes internados, está lotando os hospitais”, afirma o infectologista. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), referentes à primeira semana de março, o mundo apresentou uma queda de 6% de mortes, 60 mil mortos ao todo; já o Brasil, ao contrário, teve um aumento de 23%, 9,9 mil óbitos no período. Foram 500 mil novos casos aqui, 21 mil a mais que os Estados Unidos, segundo na lista.

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Variante do Amazonas é principal causa de Brasil ser epicentro da Covid

O pesquisador da USP explica a ligação entre o aumento de novos casos e o surgimento de mutações. “Quanto mais gente infectada, maior a taxa de transmissão e maior a chance de mutação, porque simplesmente ela acontece ao acaso. Quanto mais gente infectada, mais chance de o acaso acontecer”, ensina. O surgimento da variante do Amazonas, mas transmissível que o SARS-CoV-2 original, é apontado pelos especialistas como o principal motivo para o país ter se tornado o epicentro da Covid-19 no mundo, desbancado os Estados Unidos.

Mas, não é o único fator. Furtado ainda ressalta a falta de vacinas e as questões sociais para os números serem tão expressivos. “Além da cepa, dois motivos são relevantes. Primeiramente, o baixo grau de vacinação e, em segundo lugar, as questões sociais, já que a população não fez isolamento, nem todo mundo usa máscaras. Agora, temos novas medidas de restrição, que podem mudar esse quadro, mesmo que ainda tenham lugares com aglomerações e a falta de máscaras”, espera o médico. Levi lembra que a movimentação de comércio também fez diferença: “A variante amazônica é o fator mais importante. Mas o descuido das pessoas, principalmente no final do ano, com o comércio aberto, e falta de uso de máscara também ajudaram no aumento da transmissão”, afirma do biólogo.

Como serão os próximos dias?

Desde a segunda semana de março, os governos estaduais e municipais adotaram medidas mais rigorosas de restrições de circulação, já que os hospitais das redes pública e particular de todo o Brasil estão próximos do 100% de lotação. Se as regras forem respeitadas, os efeitos começarão a surgir na próxima semana, segundo os especialistas. O infectologista do HCor acredita que ainda teremos dias de números altos. “Ainda vamos ter um pico mais agudo nas próximas três semanas, com número de mortes e novos casos altos. Esperamos que não ultrapasse muito o que temos hoje e, depois, começará a cair. É praticamente um mês de transmissão aguda para depois baixar. A expectativa é que as restrições ajudem a parar esse agravamento”, diz Furtado.

Quanto às perspectivas de um futuro a longo prazo, o virologista é mais otimista. “E um vírus único, tivemos outros coronavírus, mas este é único. O fenômeno de resistência acontece, mas o vírus não é invencível. Temos muitas doenças virais com tratamentos que resolvem muito e até curam e com vacinas totalmente eficazes. Como é o caso do sarampo, da febre amarela, do tratamento do HIV e da hepatite C”, finaliza Levi.

CP

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