Vez ou outra a mente viaja e, sem explicar, volta ao passado nos trazendo lembranças impagáveis.
Talvez você, assim como eu, também tenha tido uma avó com dotes de costureira. Sem querer, há dias atrás, lembrei-me dos tapetes que uma das minhas avós fazia com retalhos de tecido. O resultado era maravilhoso, mas confesso que na época, não refletia acerca do trabalho que dava costurar aquele tipo de tapete.
Escolher os retalhos, alinhar seus tamanhos, cores e texturas, bem como juntá-los um a um no zigue-zague daquela máquina antiga de costura. Cuidado, sincronia e muita paciência até que o tapete ficasse pronto para que pudesse enfeitar a entrada da casa e servir de barreira para que a sujeira do lado de fora não entrasse para o templo mais precioso de uma família, o seu lar.
Inexistem metáforas nessa história toda, mas há uma lição de vida a cada um de nós, se compararmos com nossa existência.
Cosemos, no zigue-zague da vida, nossas histórias sem as vezes perceber que ao sermos ou termos parte dela transformada em retalhos, deveríamos aprender a alinhar a costura. Sabemos que é impossível nos desfazermos das vivências, mas há uma necessidade permanente de escolher qual será o tamanho que cada uma exercerá em nossa vida é, sem dúvida, uma arte que levamos tempo para aprender. A arte da costura demanda tempo, atenção e muita paciência.
Desse modo, dia após dia, o mundo nos apresenta os cortes, mas somos nós que temos que aprender a escolher as cores e quais os retalhos que irão costurar o tapete de nossa vida.
A seleção do que levaremos adiante, é imprescindível. Caminhamos sempre e ao pensar acerca do nosso sagrado lar devemos, sim, barrar aquilo que não deve nos acompanhar.
Assim, deveríamos, por vezes, ser mais como certas avós, aprendendo que através da escolhas será no ziguezagueado da máquina que iremos costurar aquilo que para nós torna-se a vida.