Começa nesta segunda-feira (11), o julgamento do caso do menino Bernardo Uglione Boldrini, morto há quase cinco anos. O caso chocou o estado vizinho do Rio Grande do Sul e tomou proporções nacional devido as circunstâncias que o crime ocorreu. O pai da vítima, o médico cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a amiga dela Edelvânia Wirganovicz, além de Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, vão a Júri Popular, presidido pela juíza Sucilene Engler Werle. A previsão é de que o julgamento dure toda a semana, já que há um total de 18 testemunhas para serem ouvidas. O processo que apura o crime tem cerca de 9 mil páginas, distribuídas em 44 volumes. Na fase de instrução processual, foram ouvidas 25 testemunhas arroladas pela acusação, 29 indicadas pelas defesas e os quatro réus. O julgamento ocorre na 1ª Vara Judicial da comarca de Três Passos, região noroeste do RS.
Relembre o caso da morte do menino Bernardo
Bernardo morava com o pai e a madrasta. O casal, tem uma filha hoje de cinco anos. Órfão de mãe, o menino se dizia carente de atenção. Ele chegou a procurar a Justiça para relatar o caso. No início do ano, de 2014 o juiz Fernando Vieira dos Santos, 34 anos, da Vara da Infância e Juventude de Três Passos, autorizou que o garoto continuasse morando com o pai, após o Ministério Público (MP) instaurar uma investigação contra o homem por negligência afetiva e abandono familiar. De acordo com o MP, desde novembro de 2013, o pai de Bernardo era investigado. Entretanto, jamais houve indícios de agressões físicas. Em janeiro, o garoto foi ouvido pelo órgão e chegou a pedir para morar com outra família. No início do ano, o médico pediu uma segunda chance. Com a promessa de que buscaria reatar os laços familiares com o filho, ele convenceu a Justiça a autorizar uma nova experiência. Na época, a avó materna, que mora em Santa Maria, na Região Central do estado, chegou a se disponibilizar para assumir a guarda. Porém, conforme o MP, Bernardo também concordou em continuar na casa do pai e da madrasta.
O menino no entanto acabou desaparecendo no dia 4 de abril de 2014 na cidade de Três Passos e foi encontrado morto dez dias depois no interior de Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de distância. O corpo estava dentro de um saco plástico, enterrado em um matagal às margens de um riacho. Laudos periciais atestaram a presença de midazolam no estômago, rim e fígado da vítima. A superdosagem do medicamento teria sido a causa da morte do menino. Os réus, Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia e Evandro Wirganovicz, respondem por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica (este, só Leandro).