Espero que esta terça-feira seja mais calma, porque essa segunda (06/03) foi muito nervosa. O disque-disque, sai-não-sai entre o despresidente e seu ministro da saúde com certeza trouxe muita preocupação, e nem um pouco de alívio. Na minha opinião, seguir o que determina a Organização Mundial da Saúde é a única opção a ser posta nesta hora. Muita gente entendida já disse e repetiu que a economia mais cedo ou mais tarde, com mais ou menos prejuízos, se recupera. Vidas humanas, não. E apostar no imponderável, acreditar no “palpite” de que a pandemia será uma gripezinha, sinceramente é inaceitável, pois se acontecer o que ninguém quer – uma avalanche de internações e de mortes – os governantes seriam os culpados. E mesmo que não ocorra o agravamento da pandemia, prevenir continua sendo o melhor remédio. Ficar em casa, por mais prejuízos que isso gere, é o remédio que temos para a hora! E manter a calma é fundamental para evitar paranoia, o pânico coletivo!
Em meio à paúra universal pela pandemia, multiplicam-se chiliques de ódio, ou pedindo paz – mas aí também odiando os que odeiam. E os brasileiros adoram achar um culpado, o que também resolve coisa nenhuma! Muitos espalham mentiras, outros acreditam nas mentiras. Da minha janela de frente para essa pandemia vejo uma geração que nunca presenciou nem viveu uma guerra ao vivo e a cores. E nem leu muito sobre como é a vida numa guerra. E a pandemia é a primeira guerra que estamos vivendo, a primeira sem bombardeios, exércitos, ataques e contra-ataques. Mas uma guerra feroz! Estamos todos na defesa, nervosos. Gosto e acho útil lembrar que em qualquer guerra, a primeira vítima é a verdade! A mentira, o pânico ou o desespero são péssimos conselheiros, fuja! Mantenha a calma, sem ela as coisas podem e ficam bem piores!
Que nossas atenções devam se concentrar em procurar da melhor maneira evitar a propagação do vírus, não há dúvidas. Mas é preciso também não pirar o cabeção: manter a higiene mental – além da higiene das mãos também é fundamental. A exacerbação dos sentimentos de medo, ansiedade, decepção, ódio e outros do gênero são o alimento para que percamos a serenidade e a razão. E sem estes tudo fica mais difícil. Sempre é bom observar que os dias e noites continuam correndo iguais, chova ou faça sol, com pandemia ou sem pandemia. Até aqui vivíamos num mundo confortável, sem uma ameaça sequer ao bem-estar da maioria. Embora a fome e a miséria nunca tenham sido enfrentadas como deveriam, numa visão minimamente humanitária. É preciso, isso sim, manter o otimismo e acreditar que vamos vencer essa guerra, mesmo com pesadas perdas.
Aos que tem fé e acreditam em milagres, fazer orações e pedidos a Deus também é um poderoso apoio que não deve ser esquecido. Mas sem perder de vista o que recomenda a ciência. Fazer jejum num momento em que a medicina frisa a importância de estar bem alimentado, resistente ao vírus, decididamente não é uma atitude saudável, e nem acredito que isso agrade a Deus. Mas cada um tem a liberdade de agir como achar melhor – e logicamente arcar com as consequências. A fé em Deus sustenta vigorosos guerreiros e é uma arma invisível, poderosa, aos que a manuseiam com sabedoria e com respeito a TODOS os credos e religiões. Mas ignorar o que dizem os cientistas e estudiosos não é inteligente, e nem deve ser do agrado divino. Deus nos deu a inteligência e por extensão, o conhecimento desenvolvido pela ciência. Negar a ciência é inadmissível!
É difícil pensar em algo engraçado, ou fazer rir em tempos de guerra, mas é preciso. Ando rindo por dentro de comentários que ouço pedindo para parar de criticar o desgoverno, pois isso aumentaria o mau humor já majoritário por aí. Dá vontade de rir, mas me contenho: para mim essa reação de pedir trégua às críticas sugere que, finalmente, alguns (minoria, por enquanto) seguidores do atual despresidente não suportam mais não as críticas. Não suportam mais as diárias manifestações e atitudes estapafúrdias do próprio despresidente e de seus filhos. E por NÃO querer assumir oposição ao que o despresidente faz e diz, pedem que cessem as críticas, por não aguentar mais ver tanta gente contrariando aquele em quem eles votaram. É cômico, mas também é trágico. Olhando a coisa toda sem paixão, entendo que uma posição (criticar) não atrapalha a outra (manter o bom humor), desde que as críticas não descambem para o campo das baixarias, é claro.