Não lamento um milímetro ao informar aos derradeiros seguidores do que eles chamam de “mito”: a casa caiu! A manifestação de motoqueiros (a maioria com placa encoberta para ninguém ver) em São Paulo, no sábado, dia dos namorados, não deixa dúvidas …É bom “já ir” se acostumando…o mito “Já Era”. Está em queda irreversível, e não engana mais! Mas devo reconhecer que a torcida – ou o que restou dela, não deve ser acusada e nem é a principal culpada. E nem teria espaço para tanto. O próprio “mito” destruiu, somente com a coautoria de filhos e de ministros incompetentes, qualquer esperança de mais esse sonho de verão de muitos brasileiros.
Minha conclusão tem argumentos claros. São Paulo e o Rio de Janeiro são hoje os maiores redutos do bolsonarismo. E na tal “motociata” anunciou-se uma super demonstração gigante, com mais de um milhão de participantes e até sorteio de motocicleta (não sei se teve), com espetacular operação de segurança policial aos manifestantes. E que custou mais de um milhão de reais à prefeitura. Na prática filmaram – se, com muita generosidade no cálculo, uns 15 mil participantes e a maioria ou quase isso, provavelmente de policiais militares. Policiais militares – de todos estados – que são hoje a maioria da “base”! Daí o porque de se esconder a placa: Eles não podem participar de movimentos e manifestações políticas. Antes, no Rio de Janeiro, o fiasco não foi menor.
E não são TODOS os PMs que apoiam Bolsonaro, Brasil a fora. Aqui mesmo em Santa Catarina são muitos, mas não são todos, e talvez nem sejam a maioria. Porém, mesmo que sejam, também não representam muita coisa, ao se imaginar um golpe: Policiais Militares são subordinados a governadores, não ao presidente. E eles sabem muito bem disso. E ainda quanto a um eventual golpe, vale lembrar que os generais recentemente “saídos” do comando das Marinha, Exército e Aeronáutica certamente não mudaram de ideia. E não apoiam o despresidente. E enquanto isso pesquisas de opinião apontaram, no final de semana, declínio da popularidade das Forças Armadas como um todo. Hoje com apenas 58% de aprovação. Há pouco tempo atrás era mais de 70%…
Porém a queda de popularidade não deve preocupar as Forças Armadas: O principal incentivador, motivador e causador desse desastre é, de novo, o despresidente! Ao manter Pazuello no governo e mandar o Exército arquivar sua merecida punição, Bolsonaro atingiu a alma dos militares: mostrou que a tal intocável e venerável disciplina foi por ele mesmo, jogada no lixo. Isso já assegura que o despresidente está bem longe de ser unanimidade nas três forças: O caso Pazuello e sua manutenção no governo custou bem mais caro, em popularidade, que os milhões gastos com leite condensado e similares. As forças armadas não devem ter motivos para estarem satisfeitas com os atos desse desgoverno…
É fato inegável que os militares vivem hoje um inferno astral, talvez o pior momento de sua história. E Bolsonaro é exatamente o comandante dessa banda mal vista. Nos últimos tempos – há muitos anos – a popularidade dos militares brasileiros era sempre comparável ao apoio popular dado às igrejas. Hoje não mais. A revelação de que mais de 5.000 militares (da ativa) ocupam cargos de confiança no atual governo federal – muitos deles tão competentes para o cargo como Pazuello foi, na Saúde – foi a primeira porrada desse desgoverno na imagem dos militares. Depois veio o episódio das compras milionárias – e muitas, supérfluas – enquanto boa parte da população pena para ganhar o suficiente para comer. E depois Pazuello e Bolsonaro – este impedindo que o primeiro comprasse as vacinas na hora certa – fizeram o resto do estrago. Mais ainda colocando um general da ativa em ato político “de apoio” ao governo, sem ficar nem vermelho…
Há poucos dias ouviram-se alguns vivas eufóricos pelo micro aumento do PIB. Mas não o suficiente para injetar otimismo nos empresários, na economia, ou no famoso mercado. A crise política com uma CPI em andamento e o risco, diário, de um novo boom de novos casos e de aumento de mortes pela Covid não permitem, nem tranquilizam empresários sobre a recuperação da economia. O próprio Ministro da Economia já afirmou que só acredita em recuperação a partir de uma ampla percentagem de brasileiros vacinados. Com as duas doses. E isso está, infelizmente, longe de acontecer. O Governo Bolsonaro segue perdendo de 7 a 1, semanalmente, no noticiário. O PIB foi a rigor a única notícia positiva de seu governo. E espera-se para logo (esta semana?) um grande “estouro da boiada”, justamente lá onde andaram passando boiada demais: No Ministério do Desmatamento!
Observa-se que já existe uma divisão clara entre os que acham que Bolsonaro termina o governo (que eram absoluta maioria), e os que acreditam que, mais uma vez, o mês de agosto pode trazer surpresas. O certo mesmo é que cresce a olhos de qualquer um a indignação e decepção com as (pela ordem crescente) abobrinhas, besteirol, burradas, invertidas, tiro no pé, fogo amigo, grandes cagadas e ações infantis do despresidente. Entrar num avião de voo comercial e receber sonora vaia é péssimo sinal. Participar de passeio de motos, ou trazer, sob protestos, a Copa América, só mostra, explicitamente, que o barco (da popularidade e dos apoios) faz muita água! E mandar os que o vaiam andar de jegue… vamos combinar: Só piora as coisas! A-ca-bou! Mas, ainda vai nos causar mais estragos e grandes!
E supondo-se que ele termine seu mandato – o que eu ainda acredito (pelo centrão) ser possível, mas não aposto – é bem provável que na grande imprensa, já já, surjam novos nomes como postulantes à vitrine de candidato queridinho da grande imprensa golpista e da direita, para a presidência! Nomes novos não há, além dos já citados – e descartados. Mas isso nunca foi problema para a direita e para sua fiel e poderosa imprensa. Daqui a pouco aparece um, ou vários. E isso será, também, a definitiva gota d’água para afogar, de vez, a ambição do atual despresidente de se reeleger… Algo que até muitíssimos de seus ex fiéis seguidores não admitem sequer cogitar. Eles sabem que é bom já ir se acostumando….
Quirera Gourmet