Falar de ‘assuntos sérios’ ou criticar – sempre com boa dose de humor, satirizar absurdos, é um dos meus pratos prediletos. Porque mau humor envelhece, dá unha encravada, caspa e soluço! A vida ‘normal’, o cotidiano, já nos fornece matéria prima suficiente e inevitável para azedumes. E conforme humoristas e chargistas, um dos ricos filões para boas gargalhadas sempre foram os políticos, governadores, presidentes, vereadores e agentes públicos em geral.
O despresidente que nos assola é arroz de festa nestas Quireras. Mas as piadas em que se transformam suas ações e declarações – apesar de serem trágicas e absurdamente prejudiciais ao exercício da razão e da própria racionalidade – às vezes não permitem que se destaque o seu lado ridículo, hilário, jocoso. Acredito que ao final de seu único (se Deus quiser!) mandato, vão chover coletâneas, anais e publicações de seus “piores momentos” – que vão demandar vários volumes…
Então, mesmo correndo o risco de transformar em cômico o que é – muito – trágico para o Brasil e para os brasileiros, vou tentar virar o disco e “dar mais valor” às abobrinhas presidenciais que, em dois anos e meio de cultivo a partir do Palácio da Alvorada, tomaram conta – tipo ervas invasoras – de muitas cabeças bitoladas e hermeticamente fechadas, pelas planícies, serras e montanhas de todo país. É uma lástima que hoje o Brasil não conte mais com Sérgio Porto, também conhecido por Stanislaw Ponte Preta…
É dele a autoria de dois (se não me engano) livros chamados Febeapá – Festival da Besteira que Assola o País, que fizeram puta sucesso nos anos 1960, antes da Ditadura e da censura. Neles, com nome e endereço, Sérgio Porto detonou autores do besteirol – ou do Festival de Besteiras – que saía da boca de políticos, sem dó nem piedade. A partir das gargalhadas produzidas muitos políticos ensaiaram e até alguns conseguiram melhorar a qualidade do que diziam. Funcionou como um “olha o nível”!
Hoje teríamos que ter dois Febeapás, só para “cobrir” o abobral do despresidente. E se alguém sugerir incluir os filhos, daria uma coleção inteira, ou enciclopédia, de estultices, parvoíces e disparates, entre outros…A começar pela “marca registrada” do ainda candidato, a sua patética imitação de “arminha”. Infantil, mas debilóide, sem graça até para crianças. O gesto sem dúvidas já é top da lista de episódios grotescos e bizarros cometidos por presidentes, do mundo todo. Além de ser de uma ignorância amazônica!
Das declarações pífias Bolsonaro começou dizendo ter acabado com o Socialismo, quando venceu as eleições em 2018. A ‘descoberta’ revelada na sua fala só fortalece a certeza de que ele era e é um baita analfabeto político, pelo simples fato de que nunca existiu Socialismo no Brasil. E chamar os governos do PT de socialistas mata os banqueiros de vergonha, pois nunca os bancos tiveram tantos lucros quanto nos anos “socialistas”do PT. Mas é bom nem se aprofundar muito em socialismo e comunismo, nas falas bolsonáricas…
Falar sobre o que não sabe o que é o esporte preferido dos admiradores do “Mito” – um apelido que serve, também, como luva para o altíssimo grau de desinformação e ignorância estrutural que assola mentes os seguidores do despresidente! Nos tempos em que Trump presidia os EUA, e especialmente na visita que fez aos Estados Unidos, Bolsonaro deu verdadeiros shows de vergonhas mundiais, a começar por presentear Trump com a camiseta da seleção brasileira de futebol – o que certamente para Trump significa coisa nenhuma, ou zero!
Na mesma viagem surgiu a brilhante ideia de nomear seu filho Eduardo como embaixador do Brasil Nos Estados Unidos, talvez sua piada mais ridícula até agora…Eduardo mal sabia falar inglês. Mas argumentou – e fez muitos brasileiros chorar de vergonha – em sua defesa, ter trabalhado como “chapeiro” em lanchonetes de Nova Iorque… Já o Ministro Pazuello, da Saúde e da tentativa de pagar um dólar de propina para cada dose de vacina, aderiu bonitaço ao besteirol, e reclassificou Manaus, que passou segundo ele, a fazer parte do Hemisfério Norte.
Há poucos dias, Bolsonaro recomendou que ao invés de comprar feijão o brasileiro compre fuzis. E aí, novamente, falar do humor que sua ignorância e de seu menosprezo aos mais pobres significa se omitir, se calar, sobre as ofensas e descaso com que trata os dramas de milhões de brasileiros, apavorados hoje com a volta da inflação e com o desemprego cada vez maior. Neste Sete de Setembro é grande a expectativa para o circo que “O Mito” está armando em Brasília.
E esse roteiro de comédia pastelão que mistura o ridículo com a tragédia, anuncia talvez um inesquecível “granfinale” do espetáculo máximo da expressão brega-burra que tomou conta do Governo. E também de uns 30% dos habitantes deste triste país: As manifestações organizadas – e bem pagas – previstas para Brasília nesta terça-feira, Sete de Setembro. E mesmo sendo com passagens e mordomias pagas pelos que estão gostando de ver o povo xingar, de novo, a inflação e o desemprego, muitos vão considerar a manifestação como natural e espontânea. Mas não é….
Querem fechar o STF e o Congresso nacional, mas não querem admitir que estão trabalhando para dar um golpe e tornar esse país uma ditadura militar. E sepultar a Democracia. Mal comparando, é como o zagueiro da seleção chutar a bola para a redes do goleiro da própria seleção, mas não querer que se chame isso de gol contra! Querem fechar a Democracia, mas não querem que se chame isso de atentado à Democracia! Fazem de conta que não entendem a diferença entre criticar o STF e fazer ameaças, claras e diretas, ao Tribunal e aos ministros!
O entendimento que os seguidores do “Mito” fazem da realidade permite que eles neguem a Ciência e tenham certeza de que a Terra é plana! Então, a partir daí, nada mais deve ser visto como impossível, ou irreal. Aguardemos o show previsto para amanhã… Certamente um Sete de Setembro mais brega e retrógrado que já se viu neste triste país! É óbvio que teremos muitos motivos para gargalhar. Mas também é triste – e vergonhoso – saber que a ignorância progrediu muito no atual governo, infelizmente!