“Quirera” porque existem palavras que alimentam o espírito, igual a quirera turbina aves e a passarada. E gourmet porque hoje tudo o que se pretende sofisticado, evoluído ou simplesmente mais gostoso é chamado de gourmet. O adjetivo para comida de rico também tira sarro, contrabalança a quirera, vista por muitos como comida de pobre. Ironia, sarcasmo e combate ao preconceito! E arriscar uma coluna nos dias atuais exige (mais de) uma pitada de ironia, até porque ranzinices, azedumes e negativismos abundam. Então Quirera Gourmet quer fazer contrapeso, divertir, criticar, opinar e informar. Nasce com o sonho de provocar risos e gargalhadas; de falar mais de coisas boas do que ruins e de lembrar de causos e estórias com pimenta, chocolate e cravo! Porque esse mundo anda chatérrimo de tanta gente reclamando, de braços cruzados (ou no celular)! Para começar, se render um sorriso já será um grande resultado. Ou, se render alguma ideia também é bom! Críticas e contestações também estão na área, porque ninguém é dono da verdade!
E Quirera remete a passarinho, aquele do Poeta Mário Quintana, um mestre do bom humor:
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
A Quirera tem tudo a ver com milho, Xanxerê e o Oeste, sua colonização, sua economia. Literalmente, a palavra (de origem Tupi) significa grãos de cereais quebrados e para nós refere-se apenas a milho, mas pode ser empregada com arroz e outros grãos. E aos mais críticos já adianto: as grafias quirera ou quirela são igualmente corretas. Com erre porque parece mais com a pronuncia oestina, famosa por ‘emagrecer’ os dois erres e pronunciar só um. Aqui será Quirera. Gourmet!
Nascida e criada no Distrito de Cambuinzal, Quirera Gourmet é “da colonha”; jovem ainda botou a perna no mundo e sumiu – dizem que patrocinada pelo Bispo de Palmas. Quirera é prima irmã da Canjica e foi moldada no soque, no pilão de pedra, não é das fracas, foi bem nutrida desde pequena na base da polenta e do radiche, mais salame e queijo! Com ela não tem tristeza, que essa parte da herança ficou com a pamonha, outra prima, essa rica e “antepática” (revisor, é assim mesmo!), corrupta, que renega sua origem e se vendeu pro “agro”! Quirera é povão, não é agro, e quer ver a Globo pegar fogo – sem bombeiro por perto!
Não podemos parar, nem devemos. A gente muda procura melhorar, quem fica sempre no mesmo lugar e do mesmo jeito é poste. Depois de mais de seis anos morando em Florianópolis não perdi o gosto de escrever. Estar certo ou escrever para agradar não é preocupação. O objetivo maior é fazer o que gosto. E dar minha opinião, mandar uns pitacos – e obviamente ninguém é obrigado a concordar! Mas o direito de opinar, com elogios ou através de críticas, é algo inerente ao ser humano. E enquanto Jornalista, mesmo aposentado, não pretendo abrir mão desse direito. Nem como cidadão! Ver Xanxerê e a região de longe foi um ótimo exercício. Mais ainda porque conheci pessoas e cidades catarinenses onde nunca havia colocado o pé, nem os olhos e orelhas! Mas voltar a viver onde nasci é uma satisfação. A cidade e a população mudaram, para melhor. Mesmo que antigos (e novos) obstáculos, percalços, falhas, vícios, manias e erros persistam. Ou até aumentaram… Não se trata de pessimismo ou otimismo, é possível conviver com ambos. É possível, e é preciso, ser realista, ver as coisas como elas são, sem colorir nem desbotar formas e cores. E dar opinião, mesmo que isso provoque (e como provoca) dores. E também algum riso! Espero contribuir para o debate, para a busca da Justiça, da verdade e, especialmente, para o ressurgimento do bom humor, e da alegria!
Colunista