A Polícia Federal cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em uma operação que investiga a suposta instalação de uma ferramenta de espionagem ilegal em sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Além disso, sete policiais federais foram suspensos do exercício das funções públicas.
Segundo a corporação, as ações desta quinta-feira (25) fazem parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023. As buscas são realizadas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
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As investigações mostraram que os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência e utilizaram a ferramenta para ações ilícitas. “(O grupo) utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”, explicou a PF.
Os nomes dos alvos da operação desta quinta não foram divulgados. Os mandados de busca e apreensão são cumpridos nas seguintes cidades:
– Brasília (DF) – 18 mandados;
– Juiz de Fora (MG) – 1 mandado;
– São João Del Rei (MG) – 1 mandado;
– Rio de Janeiro (RJ) – 1 mandado.
Caso os crimes sejam comprovados, os suspeitos podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à Record por uma fonte da corporação.
A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.
No dia 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília. Além disso, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento de outros cinco funcionários da Abin.