A violência dos apoiadores de Jair Bolsonaro, acampados na frente dos quartéis desde a derrota do ex-presidente nas urnas, foi colocada em prática e deixou parte de Brasília sob o signo do caos. A crônica da tentativa anunciada de golpe começou a ser colocada em prática por cerca de 100 ônibus que chegaram a Brasília, no último sábado (7), trazendo em torno de 4 mil pessoas. O grupo estava acampado em frente ao Quartel-General do Exército e desceu rumo à Esplanada dos Ministérios no início da tarde do domingo (8).
A Polícia Militar do Distrito Federal escoltou o grupo de manifestantes até em frente ao Congresso Nacional, onde eles não encontraram resistência suficiente da barreira montada no local. Os PMs tentaram, sem sucesso, deter os terroristas usando apenas sprays de pimenta.
O Congresso foi rapidamente tomado pelos criminosos. Quebraram os vidros, destruíram móveis, picharam obras de arte e devastaram tudo aquilo que alcançaram. O Salão Negro foi inundado, possivelmente pelo acionamento proposital do sistema anti-incêndio. A liderança do PT na Câmara foi completamente devastada pelos terroristas.
Vídeos publicados pelos próprios vândalos mostram a invasão do Plenário do Senado. Um deles sentou-se na cadeira do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e caçoou. “Boa tarde, Brasil. Estamos aqui no expediente de domingo. Vou mandar recado por escrito: supremo é o povo”, disse, rabiscando a frase em um pedaço de papel. Na área exterior, uma viatura da Polícia Legislativa foi incendiada e jogada no espelho d’água.
A horda golpista se dividiu entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na sede do Poder Executivo, todos os gabinetes foram invadidos e os bolsonaristas repetiram o roteiro de depredar vidraças, móveis, computadores e obras de arte. Aos gritos de “selva” e “faxina geral”, esfaquearam o quadro “Mulatas”, de Di Cavalcanti, de valor inestimável. A sala da primeira-dama Janja Lula da Silva foi depredada — o gabinete presidencial não sofreu porque não conseguiram mover a pesada porta que o protege.
Segundo o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, os terroristas roubaram armas do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que estavam guardadas no Planalto. Ele divulgou um vídeo nas redes sociais, ao lado do secretário nacional do Direito do Consumidor, Wadih Damous, ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostrando o resultado da invasão.
“Cada uma dessas maletas no chão, que vocês estão vendo, em cima da cadeira, em cima da mesa, são armas letais e armas não letais que foram roubadas pelos criminosos de dentro do Palácio do Planalto. E tentaram colocar fogo na sala”, afirmou Pimenta. Damous, por sua vez, chamou atenção para o fato de que não houve depredação da sala, como no resto do Palácio.
“(Os terroristas) tinham informação do que deveriam levar daqui”, acusou. Foram roubados, também, presentes dados aos presidentes do Brasil por chefes de outras nações, cujos valores são inestimáveis.